Philippe Palazzi, CEO do Grupo Casino, fará uma visita inédita ao Brasil entre os dias 9 e 15 de setembro para tratar de um tema sensível: o destino da participação francesa no GPA, dono da bandeira Pão de Açúcar.
O executivo terá encontros privados com potenciais compradores, atraídos não só pela tradição da rede, mas também pela sua presença estratégica no estado de São Paulo, que concentra o maior número de lojas e responde por mais de 30% do PIB nacional.
Na última semana, a coluna Pipeline revelou que o supermercado mineiro BH e o grupo chileno Cencosud seriam dois dos potenciais interessados na fatia do Casino. Fontes próximas às negociações, no entanto, apontam que outros dois grupos varejistas de alimentos também estão em tratativas para avaliar a aquisição. O Casino, que controlou o GPA de 2012 a 2024, busca levantar entre 80 milhões e 90 milhões de euros com a venda.
A operação faz parte da estratégia da companhia para superar um cenário desafiador: após ser adquirido pelo bilionário tcheco Daniel Křetínský no início do ano passado, o grupo francês passou por uma robusta reestruturação, sustentada por um aumento de capital de 1,2 bilhão de euros. Ainda assim, enfrenta pressões de caixa e tenta se recuperar de uma queda de 80% no valor de suas ações nos últimos doze meses. Atualmente avaliado em 245 milhões de euros, o Casino estuda alternativas para reforçar o caixa e aliviar as finanças.
Paralelamente às negociações, o chairman do GPA, Ronaldo Iabrudi, anunciou na semana passada uma redução de sua participação acionária na companhia, de 5,6% para 3,2%, em meio a conflitos entre acionistas envolvendo a governança da varejista. Nos últimos dias, segundo pessoas próximas ao executivo, Iabrudi concluiu a venda total de sua fatia, que foi absorvida por um dos interessados na participação francesa.
O Casino já havia reclassificado o GPA como “operação descontinuada” em seus demonstrativos financeiros, refletindo a intenção de separar o ativo de suas operações principais na Europa. Caso a venda não seja concretizada em breve, o grupo será obrigado a reincorporar a participação ao balanço e reconhecer os prejuízos bilionários acumulados pela varejista no período.