Preso em casa há pouco mais de 15 dias, Jair Bolsonaro deve acompanhar na reclusão do regime domiciliar o julgamento do STF que pode conferir a ele uma pena de mais de 40 anos de prisão por ter liderado o plano de golpe de Estado, segundo a PGR. Aos poucos, a ficha cai para o bolsonarismo de que o ex-presidente, um ativo mobilizador político nas redes sociais, ficará fora de jogo nas redes por muito, mas muito tempo.
Para analisar essa saída de cena do capitão e como sua herança digital será inventariada pelo clã Bolsonaro, a Ativaweb realizou um estudo sobre o comportamento dos seguidores do ex-mandatário nas redes desde a sua prisão e exclusão do debate digital.
Com Bolsonaro fora das redes sociais, o protagonismo digital da família migra, segundo o estudo, para os perfis de Michelle, Eduardo, Flávio e Carlos Bolsonaro. “Com base em dados públicos do Instagram e nossa tecnologia própria de análise semântica e clusterização de audiência, revela como cada membro do clã tenta ocupar espaços de influência com resultados distintos”, diz o levantamento.
O estudo mostra que a família Bolsonaro cobre um leque completo de estilos de comunicação aos olhos dos bolsonaristas: “Michelle representa a fé; Eduardo, o confronto patriótico; Carlos, a indignação conspiratória; Flávio, a tentativa racional. Mas apenas Eduardo conseguiu romper parcialmente o ciclo de repetição da audiência e alcançar novos públicos”.
Eduardo tem performance digital sólida
Entre os quatro, Eduardo Bolsonaro se consolida como o mais influente. Ele combina crescimento constante (+4,3% em julho), alto engajamento (1,77%) e presença nacional. “Sua comunicação mistura confronto ideológico com temas internacionais, o que amplia seu alcance para além da bolha bolsonarista. Hoje, Eduardo é o nome da família com maior ‘potencial viral’ nas redes, segundo nosso índice proprietário que cruza engajamento com crescimento”, diz o levantamento.
Michelle: imagem positiva, mas na bolha
Michelle Bolsonaro tem o conteúdo mais bem avaliado do grupo (58% de sentimento positivo), impulsionado por uma narrativa emocional cristã, familiar e feminina. “No entanto, apesar da boa imagem, seu perfil mostra um engajamento muito abaixo da média (0,18%) e dificuldade de ampliar alcance fora do público evangélico-conservador. O conteúdo encanta, mas não mobiliza em larga escala”, diz o estudo.
Carlos: influência localizada e falta de renovação
Carlos Bolsonaro, apesar da atividade intensa e do tom provocador, apresenta um padrão reativo que não se traduz em crescimento real: “Seu conteúdo gira em torno de denúncias, perseguições e ataques simbólicos funcionando bem apenas dentro da base fiel”.
Flávio: o institucional
Flávio Bolsonaro, por outro lado, busca uma imagem mais institucional, segundo o estudo da Ativaweb, mas “carece de diferencial narrativo que o destaque”. Segundo o levantamento, Flávio “cresce pouco e mobiliza ainda menos” nas redes.
Sem Bolsonaro, Clã vai precisar se reinventar
O capital político-digital da família Bolsonaro segue forte, mas não se atualiza sozinho, diz o estudo. “A dependência simbólica de Jair ainda é visível em todos os perfis. O desafio agora é gerar influência própria, com conteúdo que emocione, mobilize e ultrapasse as barreiras da bolha”, diz a Ativaweb.