O desabamento de dois prédios na histórica cidade de Fez, no Marrocos, deixou pelo menos 22 mortos. Segundo informações divulgadas pela emissora estatal SNRT nesta quarta-feira, 10, os edifícios apresentavam sinais de rachaduras há tempos, embora nenhuma medida tenha sido tomada pelos órgãos responsáveis para evitar acidentes.
Localizados no densamente povoado bairro de Al-Mustaqbal, na zona oeste de Fez, os edifícios de quatro andares, adjacentes, abrigavam oito famílias. A queda dos prédios ocorreu durante na noite de terça-feira 9. Equipes de resgate e moradores se mobilizaram para buscar sobreviventes sob os escombros.
“Meu filho, que mora no andar de cima, me avisou que o prédio estava desabando. Quando saímos, vimos o prédio cair”, contou uma moradora idosa à SNRT.
Um segundo sobrevivente, também não identificado, contou à emissora local Medi1tv que perdeu a esposa e os três filhos na tragédia. Segundo ele, um dos corpos foi recuperado por socorristas nesta manhã, mas os demais ainda estão desaparecidos. Todos os feridos no acidente foram levados ao Centro Hospitalar Universitário de Fez.
De acordo com a SNRT, testemunhas oculares afirmam que o prédio já continha rachaduras há tempos, mas nenhuma medida preventiva eficaz foi tomada. Procurado, o Ministério do Interior do Marrocos não respondeu a pedidos de comentário. Este foi um dos piores incidentes do tipo desde a queda de um minarete — um tipo de torre elevada localizada em mesquitas — na cidade de Meknes, em 2010, que resultou na morte de 41 pessoas.
A tragédia é mais um capítulo na série de desabamentos no Marrocos nos últimos anos. Só na cidade de Fez houve dois outros episódios semelhantes em maio e fevereiro, que levaram à morte de 14 pessoas no total. Segundo o secretário de Estado da Habitação, Abid Ben Ibrahim, mais de 38 mil edifícios em todo o país correm risco de colapso.
Insatisfação
Um dos principais destinos turísticos do país, Fez é uma cidade histórica que remonta ao século VIII e já chegou a ser a capital do Marrocos. Atualmente, é o terceiro centro urbano marroquino mais populoso e foi palco de uma onda de protestos nos últimos meses devido à deterioração das condições de vida na região.
Acompanhando movimento que pipoca ao redor do globo, as manifestações foram lideradas pela chamada Geração Z e surgiram da indignação profunda com a gestão atual, em especial devido à pobreza extrema e a baixa qualidade dos serviços públicos no Marrocos. Tudo isso enquanto o governo financia ambiciosos projetos de infraestrutura para a Copa do Mundo da FIFA de 2030, que vai co-sediar.
