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Claudia Raia fala a VEJA de gravidez em meio à menopausa: “Uma confusão”

Claudia Raia acaba de entrar em cartaz em São Paulo com seu novo espetáculo, Cenas da Menopausa, uma comédia em que fala do período complicado vivido por mulheres. Em entrevista a VEJA, a atriz de 58 anos falou da produção — dirigida pelo marido, Jarbas Homem de Mello, e de suas próprias experiências pessoais com a menopausa e com a gravidez de Luca, de dois anos de idade, em meio ao processo de aprender a lidar com tantas mudanças hormonais.

Confira a entrevista completa:

Como surgiu a ideia de fazer essa peça Cenas da Menopausa? Há oito anos que eu falo muito sobre esse assunto nas minhas redes sociais, sobre a menopausa e sobre a mulher de mais de 50 anos que ninguém costuma falar. Eu desbravei esse assunto embaixo de muitas críticas, muitos haters, mas eu tava ali porque era o meu lugar de fala, era algo que eu estava passando, eu queria dividir isso com as outras mulheres e queria encorajá-las para que pudéssemos levantar essa bandeira juntas, de maneira forte e potente, porque eu acho que é o momento mais potente da vida de uma mulher. Então, conforme muitas mulheres vinham falar comigo sobre menopausa, fomos passar essa ideia para uma sócia nossa portuguesa, que leva nossos espetáculos para Portugal, e aí surgiu a ideia de adaptar uma peça musical que já existe, do do psiquiatra brasileiro Ângelo Gaiarsa, sobre esse assunto que ainda é tabu na sociedade. E o texto é assinado pela Anna Toledo, que também está passando pela menopausa, mas eu ajudei na construção de tudo, e o Jarbas dirige. 

A intenção era falar desse assunto de forma leve, certo? Sim, nós queríamos que fosse algo leve, trazer a comédia, para tocar o coração das pessoas com esse assunto que é tão difícil e muitas vezes solitário. Além de dirigir, o Jarbas também interpreta algumas mulheres, o que é muito interessante também. Ele faz uma personagem que é a tia Judite, uma velhinha de 80 anos que representa aquela vovó de discurso de que não se pode falar de menopausa para não atrapalhar ninguém. Ele também interpreta um gay, um vidente, uma vendedora de loja, é engraçadíssimo. 

E as suas personagens, como são? Eu começo e termino com a Teresa, que é o fio condutor da história. Ela não sabe nada do que está acontecendo com o corpo dela, está completamente desnorteada, que é o que acontece com a maioria das mulheres, por mais que a mulher se prepare, estude, tente se adiantar para esse momento, chega nessa hora fica que nem barata tonta. Foi o que aconteceu comigo, me achava espertona, fui, perguntei para um médico, para o outro e fiz as minhas consultas e indaguei, tudo. Na hora que aconteceu comigo, eu não saquei. Foi o Jarbas que percebeu, junto com meus filhos, que disseram para ele: “Pelo amor de Deus, faz alguma coisa que a mamãe tá insuportável, tipo, não dá pra gente aguentar”. E aí ele chegou com toda delicadeza do mundo para falar desse assunto comigo. 

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Como foi esse processo de lidar com a menopausa? Quando começou? Eu tinha 51 anos quando começou o climatério. Os sintomas todos, de insônia e dores articulares eu fui descobrir só agora, no ano passado, que as dores articulares que eu estava sentindo eram da menopausa, porque nunca ninguém me falou de dores articulares que parece que você vai quebrar no meio, uma coisa horrível. Eu achava que eu estava malhando muito, fazendo muita aula de balé e não era nada disso, era menopausa. E aí tem os esquecimentos, a névoa mental. E o climatério também tem uma coisa muito cruel, que é pior, porque as mulheres têm todos os sintomas e ainda estão menstruando. Então não tem como saber. Tem muitas mulheres que passam pela menopausa precoce aos 36 anos. E a medicina ainda está muito atrasada em relação a isso, a como a mulher é um ser complexo e individual, não são todas iguais. E tem muitos estudos novos, de Harvard, que mostram que todas as mulheres precisam fazer reposição hormonal, que é uma coisa que eu venho fazendo há anos. 

Essa reposição hormonal acabou ajudando na sua gravidez do seu filho caçula, Luca, 2, fruto do casamento com Jarbas, certo? Sim, isso mesmo. Eu engravidei com 55 anos. E depois da gravidez a menopausa voltou com tudo. Quando eu comecei a ensaiar o espetáculo, comecei a enlouquecer o Jarbas, porque eu comecei a sentir tudo de novo. As insônias, os calores, as dores articulares, tudo voltou. A coisa emocional é muito importante. Porque eu me via refletida nas personagens da peça, via a minha história sendo recontada sem nenhum glamour.

Então, como foi passar por um puerpério em meio à menopausa? Uma confusão. Uma confusão. Eu perguntava para minha médica: “O que que vai acontecer agora?”, e ela não sabia dizer. Então foi uma loucura, era a menopausa, gravidez, o puerpério, a aumentação, que eu amamentei o Luca até o sétimo mês. Aí a volta da menopausa, que a gente não sabia em que nível viria e veio no nível hard. A prolactina foi embora, a menopausa voltou com tudo. Era tanta confusão hormonal, que meu corpo falou: “Meu Deus, agora essa doida deu uma pausa na menopausa só para me enlouquecer, mas eu te digo um negócio. Essa gravidez deu um um um um restart no meu organismo. 

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Por que? Não sei explicar muito bem, mas sinto meu corpo cheio de células fetais. E eu acho que são armas muito poderosas para a saúde. As células fetais ficam 18 anos no corpo da mãe combatendo qualquer doença grave que ela possa ter. Olha que coisa maravilhosa. A natureza é espetacular. A mãe tem que sobreviver para cuidar do seu filho até ela ter 18 anos. Nós mulheres não sabemos muito sobre o nosso próprio corpo, porque eu achava que com a menopausa secava tudo e aí jamais daria para engravidar, mas aquela Cláudia é claramente um exemplo contrário disso. Não só eu. No ano que eu engravidei, 1.200 mulheres com mais de 50 anos engravidaram no Brasil.

Cenas da Menopausa está em cartaz no Teatro Claro Mais SP, no Shopping Vila Olímpia (R. Olimpíadas, 360), com sessões de quinta a sábado, às 20h, e domingos, às 18h. Os ingressos custam de 25 a 250 reais e podem ser adquiridos no site da Uhuu ou na bilheteria física.

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