Primogênita de Silvio Santos (1930-2024), a diretora de teatro e artista plástica Cintia Abravanel, 62, inaugurou na última semana a Caravana do Silvinho, exposição com 45 esculturas do mascote do SBT estilizadas por artistas plásticos de todo o Brasil, no Jardim Botânico, em São Paulo. Em entrevista a VEJA, a filha número 1 de Senor Abravanel falou sobre a homenagem ao pai, de seu processo de luto — neste domingo, 17, completa-se um ano da morte de Silvio Santos –, e ainda da relação com as irmãs, Silvia, Daniela, Patricia, Rebeca e Renata. Cintia é filha de Senor Abravanel com Maria Aparecida, a Cidinha, primeira esposa do apresentador que adotou com ele Silvia. Daniela, Patricia, Rebeca e Renata são frutos do casamento de Silvio Santos com Iris Abravanel.
Confira a entrevista na íntegra:
Como e por que surgiu o projeto da Caravana do Silvinho? No passado, eu participei de outras caravanas, como a da Hello Kitty Parade, e levei a ideia para minhas irmãs sobre fazer uma do papai, com o Silvinho, então começamos a bolar o projeto desde o ano passado e lançamos esse ano no programa da Patricia, o Programa Silvio Santos com Patricia Abravanel. Eu passei por todos os programas do SBT para divulgar, começamos a fazer o chamamento público por edital, foram mais de 400 inscritos, depois tivemos 100 selecionados, então levei para as meninas [as irmãs] para elas ajudarem a escolher os 45 artistas que fizeram 45 esculturas estilizadas do Silvinho.
Por que não quis pintar uma das esculturas de Silvinho, já que também é artista plástica? Eu não quis participar porque eu não achava e não acho ético eu, como uma pessoa que está cuidando da produção, pintar um dos Silvinhos. Também tenho amigos artistas que mandaram projetos e participaram da eleição, mas sem interferência minha.
Nesse um ano da partida de Silvio Santos, como tem sido seu processo de luto? Não tem dado tempo de nada, porque é tanta coisa para fazer, mas quando eu lembro, lembro com força dele. Acho que cada uma de nós, filhas, tem tido seu próprio momento de introspecção. Posso falar por mim que eu não consigo ter tristeza. No dia que eu vi meu pai e percebi que ele não estava legal, eu o libertei naquele dia. Eu procuro ensinar para as pessoas que amar é libertar. Então, acho que a gente não pode ser egoísta de querer a pessoa sofrendo do lado da gente, sabe? Então, acho que Deus, Jesus amou tanto o nosso pai que não deixou ele sofrer muito e o levou ele. Se pensamos assim, ficamos menos tristes. Eu perdi minha mãe aos 13 anos de idade. Acho que o tempo vai deixando a saudade, mas no dia a dia vamos aprendendo a tocar a vida.
Lembra a última conversa que teve com ele? Eu tive algumas em uns dois ou três encontros com ele. Conversamos sobre muitas coisas quando ele ainda estava tão doentinho ainda, não tinha piorado. Então, eu tive momentos com ele mais saudável e tive a minha despedida com ele um dia antes dele ser internado. Acho que cada uma de nós sentiu de um jeito, cada uma se despediu dele de um jeito e cada uma sente de um jeito essa saudade. Temos que nos permitir passar pelo luto, não tem como fugir dele.
Como é sua relação com suas irmãs na vida e nos negócios? Somos todas muito diferentes, com personalidades diferentes, mas fomos nos conhecendo de outra forma com o tempo. Cada uma tem um lado dele, isso é muito legal. Nosso pai teve muita sabedoria de ir passando o bastão para a gente enquanto ele ainda estava vivo. Porque eu acho que hoje seria muito difícil para nós assumirmos tanta responsabilidade na surpresa. Fomos preparadas. E o que é legal é que ele teve tempo de curtir a gente, de nos observar em ação, de dar conselho, de dar bronca. Foi de uma sabedoria de nos ensinar mesmo. Acho que são poucas as famílias que têm essa oportunidade, de filhos assumirem cargos antes do pai falecer.
Muito se especula sobre a relação de vocês todas como seis irmãs. Como foi a construção dessa relação ao longo da vida? Nós sempre construímos essa relação com o tempo. Tivemos um momento e uma vida muito especial, porque eu fui avó junto com o meu pai, e os meus netos são amigos dos meus sobrinhos. Então, começamos a estreitar bastante a relação por causa das crianças.
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