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Cientistas criam gel que acelera cicatrização de feridas em pé diabético

Complicação comum do diabetes, o “pé diabético” é a principal causa de amputações não traumáticas de membros inferiores no Brasil. Em 2023, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou uma média de mais de 28 ocorrências por dia.

Ele ocorre quando, por alterações na cicatrização comuns em quadros de diabetes, uma lesão nos pés, como um corte ou calo, evolui para uma ferida maior, que, se não tratada, pode exigir amputação.

Agora, cientistas chineses desenvolveram um gel para acelerar a cicatrização de feridas em pacientes que vivem com a doença, evitando casos de pé diabético e amputações.

Nesses pacientes, a cicatrização é mais lenta devido a uma piora da circulação sanguínea causada pelos altos níveis de glicemia no sangue. Isso prejudica o aporte de oxigênio e nutrientes para os membros inferiores e dificulta a chegada e a atuação das células do sistema imunológico. Consequentemente, a capacidade de regeneração e cicatrização diminui.

No estudo publicado no periódico Burns and Trauma, os pesquisadores descobriram ainda que o excesso de açúcar no sangue também aumenta a proteína TSP-1 nas células endoteliais, que revestem os vasos sanguíneos, prejudicando sua capacidade de proliferação e migração, essencial para a formação de novos vasos sanguíneos (angiogênese) e para a cicatrização.

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Para contornar a situação, os pesquisadores utilizaram pequenas vesículas extracelulares capazes de reduzir os níveis de TSP-1, assim melhorando a função das células endoteliais, a angiogênese e a cicatrização.

Essas vesículas ainda foram incorporadas em um gel que faz uma liberação controlada e gradual diretamente na ferida. Em testes com camundongos diabéticos, o tratamento foi capaz de fechar 90% da ferida em 12 dias, tempo superior aos animais do grupo de controle, que apresentaram uma cicatrização mais lenta.

É um grande avanço no tratamento dessas feridas, pois, ao melhorar a cicatrização, reduz o risco de amputação e, consequentemente, de mortalidade, pois muitos pacientes morrem alguns anos após a amputação do membro. Mas mais testes ainda são necessários.

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Atualmente, o tratamento do pé diabético pode incluir uso oral de medicamentos antibióticos, aplicação local de pomadas antimicrobianas, curativos trocados diariamente e controle do diabetes por mudanças na dieta e uso de medicamentos e insulina. Em casos graves, pode ser necessária uma cirurgia para retirar a região afetada e favorecer a cicatrização.

A prevenção das lesões que podem levar ao pé diabético também é um cuidado fundamental. É recomendado optar por sapatos macios, leves e moldados na forma dos pés e evitar andar descalço ou com sandálias e chinelos. É importante ainda controlar a glicemia, higienizar e hidratar os pés diariamente, cortar as unhas duas vezes por mês, não retirar calos e realizar movimentos circulares com os pés a cada 15 minutos para manter uma boa circulação nos membros inferiores.

Os pacientes também devem verificar se há feridas, bolhas, áreas avermelhadas, alterações nas unhas, calos e mudanças na forma e na coloração dos pés, pois não é incomum que eles não sintam ao sofrer lesões na região. A glicose aumentada no sangue pode danificar os nervos periféricos, com perda de sensibilidade nas pernas e pés, então cortes, bolhas e calos podem passar despercebidos.

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Por fim, é importante ressaltar que muitas pessoas não sabem que vivem com diabetes e não tomam os devidos cuidados para evitar complicações. Pacientes frequentemente procuram o médico devido a problemas do diabetes e só descobrem que a doença durante o atendimento. Então, o acompanhamento médico regular é fundamental.

 

*Aline Lamaita é cirurgiã vascular, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia, do American College of Phlebology e do American College of Lifestyle Medicine

*Deborah Beranger é endocrinologista, com pós-graduação em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (SCMRJ), pós-graduação em Terapia Intensiva na Faculdade Redentor/AMIB e cursos de extensão em Obesidade, Transtornos Alimentares e Transgêneros pela Harvard Medical School

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