Pela primeira vez na história, astrônomos conseguiram captar e transformar em som o momento em que um buraco negro foi lançado pelo espaço depois de se fundir com outro.
A detecção aconteceu graças ao estudo das ondas gravitacionais, pequenas deformações no tecido do espaço e do tempo, geradas durante uma colisão registrada em abril de 2019, que recebeu o nome de GW190412.
Essas ondas foram registradas pelos observatórios LIGO, nos Estados Unidos, Virgo, na Itália, e KAGRA, no Japão. A pesquisa acaba de ser publicada na revista Nature Astronomy.
Como foi a colisão
No evento de 2019, os dois buracos negros envolvidos tinham massas muito diferentes. Um deles tinha cerca de 30 vezes a massa do Sol, enquanto o outro tinha pouco mais de 8 vezes a massa do Sol. Essa diferença provocou uma fusão “desbalanceada”, em que a energia não foi distribuída de forma uniforme.
O resultado foi um empurrão poderoso, chamado pelos cientistas de “recuo natal”, que lançou o buraco negro recém-formado em uma determinada direção.
Com base no sinal das ondas gravitacionais, os pesquisadores calcularam que esse empurrão foi forte o bastante para fazer o novo buraco negro atingir uma velocidade superior a 50 quilômetros por segundo. Ou seja,mais de 180 mil quilômetros por hora.
A colisão aconteceu a cerca de 2,4 bilhões de anos-luz da Terra, ou seja, o que foi detectado hoje ocorreu quando a vida na Terra ainda estava em estágios bem primitivos.
O som do universo
As ondas gravitacionais de GW190412 foram processadas e convertidas em som para que pudessem ser ouvidas por nós. O áudio lembra um “bloop” curto e agudo, representando o instante em que os buracos negros se fundiram e o novo objeto foi lançado pelo espaço.