O primeiro na fila para a cadeira na Câmara dos Deputados que será deixada por Guilherme Boulos (PSOL-SP), convidado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para comandar a Secretaria-Geral da Presidência, é o físico e atual presidente do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), Ricardo Galvão (Rede).
Galvão recebeu mais de 40 mil votos na eleição de 2022 e é o primeiro suplente para a vaga. Ele, no entanto, disse que ainda não sabe se vai assumir. A VEJA ele contou que a ministra Sônia Guajajara pode deixar a pasta dos Povos Indígenas depois da COP30, que acontece em novembro deste ano em Belém, e que, com isso, ela assumiria o posto de Boulos. O PSOL disse que não há essa possibilidade, e que Guajajara permanecerá no ministério até abril do ano que vem, prazo final de desincompatibilização do governo para quem quer concorrer a um cargo eletivo.
Galvão diz estar pronto para assumir a vaga na Câmara, e que suas prioridades serão a defesa do meio ambiente, da valorização da educação e da pesquisa e do combate às mudanças climáticas. “Vou conversar amanhã com a ministra Marina Silva [do Meio Ambiente}e então haverá uma decisão”, falou. Marina é fundadora do partido Rede Sustentabilidade, que tem uma federação com o PSOL.
Demitido por Bolsonaro
Professor aposentado do Instituto de Física da USP, Galvão ganhou notoriedade em 2019, quando era presidente do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), órgão em que iniciou sua carreira, em 1970. Os dados do instituto mostraram um aumento de 88% no desmatamento da Amazônia em junho daquele ano na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o que foi questionado publicamente pelo então presidente Jair Bolsonaro. À imprensa ele disse que os números eram mentirosos e estavam “a serviço de alguma ONG”. Galvão respondeu, dizendo que a atitude presidencial era “pusilânime e covarde”, e foi exonerado logo em seguida.