Na manhã deste domingo, 7, em Tóquio, o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, anunciou sua renúncia após menos de um ano no cargo. A decisão, comunicada em uma coletiva de imprensa, foi apresentada como um gesto necessário para evitar a fragmentação do Partido Liberal-Democrata (PLD), que domina a política japonesa há quase sete décadas, mas atravessa um de seus momentos mais delicados.
Ishiba chegou ao poder em outubro de 2024 prometendo renovação, mas sua gestão foi marcada por turbulências: derrotas eleitorais severas, perda da maioria parlamentar e crescente insatisfação popular diante da inflação persistente e do aumento do custo de vida. A derrocada ficou evidente nas eleições legislativas de julho, quando o eleitorado impôs um “juízo severo”, nas palavras do próprio ex-premiê, que determinou que a legenda à qual faz parte realize uma eleição emergencial para escolher um novo líder.
A pressão interna também se intensificou. Líderes influentes do partido, como o veterano Tarō Aso, vinham cobrando sua saída para abrir caminho a uma nova liderança. A renúncia foi anunciada dois dias após a assinatura de um acordo de entendimento com os Estados Unidos, que garantiu taxas mais baixas para automóveis japoneses em troca de um investimento de US$ 550 bilhões — entendimento que Ishiba considerava essencial concluir antes de deixar o governo. Ao justificar sua decisão, afirmou que preferiu “dar um passo atrás para preservar a coesão do partido.”
A saída de Ishiba abre um período de incerteza política no Japão. A mudança ocorre em um momento sensível: o país enfrenta uma conjuntura econômica desafiadora, tensões sociais crescentes e um ambiente geopolítico instável, sobretudo pela intensificação do poderio militar chinês na região.
