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China aproveita vácuo dos EUA e amplia poder na África, Ásia e Américas, diz relatório

Um relatório apresentado nesta segunda-feira, 14, ao Comitê de Relações Exteriores do Senado dos Estados Unidos alertou que, enquanto o presidente do país, Donald Trump, reduz a presença americana no cenário internacional, a China está aproveitando o vácuo para substituir sua potência rival nos campos da diplomacia, economia e assistência humanitária. O documento elaborado por senadores do Partido Democrata afirmou que Pequim já deu passos para ampliar o poder e influência na África, Ásia e América Latina.

O texto de 91 páginas, resultado de meses de viagens e pesquisas de funcionários, foi divulgado no momento em que o governo Trump realiza cortes profundos no Departamento de Estado, equivalente ao Ministério das Relações Exteriores no Brasil. As medidas incluem a demissão, a partir desta sexta-feira, 18, de mais de 1.350 funcionários, parte de uma redução total de quase 3 mil cargos.

A Casa Branca também cortou bilhões de dólares em ajuda externa, efetivamente fechando a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAid). O órgão era responsável por cerca de 40% de toda a ajuda humanitária do mundo, envolvido em projetos de saúde, educação e prevenção de epidemias. Um estudo publicado no prestigiado The Lancet indicou que os cortes na USAid podem resultar em mais de 14 milhões de mortes adicionais até 2030.

Enquanto o governo Trump sustenta que as mudanças direcionam a política externa dos Estados Unidos à agenda “America First“, que propõe colocar os interesses do país antes dos de qualquer outro, críticos denunciam que essas ações reduzem a capacidade de Washington de defender e promover seus interesses no exterior.

Pequim afia as garras

O documento apresentado pelos democratas listou uma série de maneiras, desde radiodifusão até iniciativas de saúde e desenvolvimento industrial, pelas quais os pesquisadores do comitê disseram que a China está expandindo sua influência. Segundo eles, são dezenas de casos em que Pequim interveio depois dos Estados Unidos eliminarem ou reduzirem programas internacionais – como o financiamento de vacinas e o fornecimento de alimentos.

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“A China busca uma visão clara para a ordem internacional, enquanto o governo Trump busca diminuir o engajamento dos Estados Unidos globalmente”, afirma o relatório.

Por exemplo, na África, depois de Washington encerrar programas de assistência alimentar, a China doou US$ 2 milhões em arroz para Uganda em março. Dois meses depois, com a suspensão pelos americanos de uma doação de US$ 37 milhões para a luta contra o HIV/AIDS na Zâmbia, os chineses se comprometeram a tomar as rédeas, inclusive doando 500 mil kits de teste rápido para o vírus e planejando reuniões para discutir sua parceria contínua no assunto.

Enquanto isso, o presidente chinês, Xi Jinping, embarcou numa turnê pelo Sudeste Asiático no início do ano, quando se encontrou com os líderes no Vietnã, Camboja e Malásia. A viagem resultou em um acordo com o governo vietnamita para conexões ferroviárias, 37 acordos de cooperação no Camboja em setores como energia, educação e infraestrutura, e intercâmbios técnicos e de manufatura na Malásia.

Para ampliar ainda mais a presença já pesada na América Latina, Pequim sediou em maio o “Fórum China-Celac”, com os 33 países que formam a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos. Lá, Xi anunciou que forneceria uma linha de crédito de US$ 9 bilhões e investimentos adicionais em infraestrutura para a região.

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