Cerca de 15,8 milhões de chilenos vão às urnas neste domingo, 14, para o segundo turno das eleições presidenciais, no primeiro pleito em que o voto é obrigatório no país. Eles irão escolher entre a ex-ministra Jeannette Jara, de 51 anos, do Partido Comunista e da coalizão governista, e o ex-deputado ultradireitista José Kast, de 59, do Partido Republicano. As urnas foram abertas às 8h do horário local (8h também em Brasília) e estarão fechadas às 18h.
Apesar de Jara ter sido a primeira colocada do primeiro turno, em 16 de novembro, a margem apertada logo foi superada pelo concorrente. As intenções de voto em Kast tiveram um crescimento rápido desde então e as pesquisas mais recentes mostram o republicano com uma margem de quase 20 pontos à frente da candidata do governo. No primeiro turno, Jara conquistou 26,7% dos votos, seguida por Kast com 23,9%.
Jara foi ministra do Trabalho durante o governo do atual presidente do Chile, Gabriel Boric, e marcou sua campanha com propostas de renda mínima e subsídios para empresas, além de promessas de modernizar a polícia e ampliar a segurança tanto nas cidades quanto nas fronteiras, enquanto uma imigração crescente irrita parte dos chilenos.
A escolhida de Boric para sua sucessão, contudo, sofre com a alta rejeição do líder atual, hoje com 39 anos e o mais jovem presidente a comandar o Chile. Desemprego alto e as tentativas frustradas de conseguir aprovar uma nova Constituição estão entre as marcas de seu mandato que colaboram para a piora paulatina de sua avaliação. Uma pesquisa da AtlasIntel com a Bloomberg divulgada na semana passada mostrou que 64% dos eleitores desaprovam o mandato de Boric e 56% avaliam seu governo como ruim ou muito ruim. A reeleição não é permitida no Chile.
É esse o ambiente que abriu espaço para a consolidação da oposição mais radical. Kast, abertamente inspirado em Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e Javier Milei, da Argentina, começou a carreira política como deputado do partido de direita União Democrata Independente (UDI) na virada do milênio. Após 15 anos, rompeu com a sigla para fundar o ultraconservador Partido Republicano em 2019. Disputou três vezes nas eleições presidenciais, tendo sido derrotado por Boric na última.
Entre as plataformas de sua campanha, ele levanta a bandeira contra o aborto e critica a “ditadura gay”. No páreo contra Jara, manteve o discurso linha dura e prometeu criminalizar a imigração irregular, expulsar “todos” os indocumentados e construir valas e muros nas divisas, bem como aumentar a taxa de crescimento anual do PIB para 4%.
Com Paula Freitas, Caio Saad e Agência Brasil.