A Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) alertou que a antiga usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, pode começar a vazar radiação devido aos danos sofridos pela estrutura em meio à guerra com a Rússia. Segundo o órgão, que atua como braço das Nações Unidas na fiscalização do setor nuclear, o escudo construído para conter as ondas radioativas foi parcialmente destruído em fevereiro deste ano e não consegue mais garantir a segurança na região.
“A missão confirmou que a estrutura de proteção perdeu suas funções primárias de segurança, incluindo a capacidade de confinamento, mas também constatou que não há dano permanente às estruturas de suporte de carga e sistemas de monitoramento”, diz o diretor da IAEA, Rafael Grossi, em comunicado divulgado na última sexta-feira, 5. A vistoria ressalta que é preciso acelerar o conserto do escudo e investir em reparos amplos para evitar o perigo da radiação.
Em 14 de fevereiro de 2025, as autoridades da Ucrânia relataram às Nações Unidas que um drone explosivo havia atingido a usina de Chernobyl, abrindo um rombo de cerca de quinze metros quadrados na estrutura externa responsável por bloquear a radiação — o governo ucraniano acusa a Rússia de ter realizado o ataque, mas o Kremlin nega a autoria da explosão. Naquele mês, a agência da ONU havia relatado que os níveis de radioatividade estavam normais nos arredores do complexo industrial.
Palco do maior acidente nuclear já registrado na história, em 26 de abril de 1986, a usina de Chernobyl encontra-se completamente inativa desde o ano 2000 e passa por um processo de descomissionamento (desativação total) que deve durar, ao menos, até 2065. Após a explosão na década de 1980, foi determinado o isolamento da região em um raio de trinta quilômetros ao redor das instalações, abrangendo cerca de 2.600 quilômetros quadrados — a zona de exclusão é considerada inabitável devido ao risco de vazamento radioativo.
