Chefão de esportes da Disney e presidente da ESPN no Brasil, Carlos Maluf falou a VEJA sobre como analisa o mercado competitivo de transmissões esportivas na TV e no streaming, de como o público feminino vem ganhando espaço entre os telespectadores — algo que impacta a estratégia da empresa para fisgar as torcedoras –, além de como a Disney se tornou uma potente janela de diversas modalidades para além do tradicional futebol, como basquete e tênis.
Confira a entrevista na íntegra:
Quão relevante é o esporte para o Disney+ hoje no Brasil e no mundo? É muito relevante. Hoje, o esporte é um enorme diferencial do Disney+. Com a ESPN, o assinante tem acesso à maior oferta de esporte do mercado, com um calendário completo ao longo de todo o ano, sem pausas, e com uma ampla variedade de transmissões ao vivo. Oferecemos praticamente todos os principais torneios de tênis. O melhor do esporte americano. A Série B do Campeonato Brasileiro completa. Libertadores, Sul-Americana. Não há nenhum momento do ano em que o fã não tenha uma grande oferta de conteúdo esportivo no Disney+. Além do conteúdo da ESPN, marca número um de esporte no mundo, a plataforma também oferece um catálogo completo com conteúdos da Disney, Pixar, Marvel, Star Wars, National Geographic e Star, todas marcas líderes no mundo do entretenimento.
Tem impacto em relação a assinantes, em especial no público masculino? O público vai muito além do masculino. Na verdade, há um interesse entre mulheres. A ESPN reflete isso com um amplo investimento em modalidades femininas e também na presença massiva de talentos mulheres. Atualmente, contamos com pelo menos uma comentarista em quase todas as modalidades, além de diversas apresentadoras. Essa representatividade é fundamental para que todos os públicos se sintam incluídos e representados, tanto pelo canal quanto pelo esporte de modo geral.
Recentemente, a Netflix começou a entrar devagar nas transmissões ao vivo, mas, no Brasil, o mercado de transmissão esportiva no streaming já é super concorrido. Como a empresa enxerga essa competição? O modo como o esporte é consumido tem evoluído. O modelo tradicional, pela TV, tem o seu espaço e sua audiência, mas o streaming permite uma série de possibilidades que antes não existiam. Um ótimo exemplo disso aconteceu em maio deste ano: fizemos uma ação com o Neymar para a final da Conferência na NBA, uma watch party [festa para assistir algo junto] diretamente da casa do Neymar, com uma série de convidados, entre atletas e influenciadores. No Disney+, o torcedor pôde assistir ao jogo, ver as reações de um ídolo e interagir com a partida ao vivo. Quem buscou a transmissão tradicional continuou com o seu espaço. Mas quem quis algo descontraído, diferente do formato convencional da NBA, encontrou uma nova experiência. E assim acontece com o formato de multicam ou com a possibilidade de acessar a transmissão de todas as quadras de um grande torneio de tênis, como agora em Roland Garros, o que permite um jeito novo de consumir o esporte, possível apenas pelo Disney+.
Qual o papel o streaming ocupa hoje nas transmissões esportivas em relação a TV aberta/por assinatura? É um papel complementar. Quem assina o Disney+ tem direito à programação da ESPN, da mesma maneira que um assinante da ESPN na TV paga. No entanto, o streaming oferece a possibilidade de transmitir um número maior e mais variado de esportes simultaneamente, além de reviver momentos específicos da programação. Mas há diversas possibilidades adicionais em uma plataforma de streaming. Quando fizemos a transmissão de Roland Garros, por exemplo, a ESPN 2 exibiu os principais jogos do torneio, com os grandes astros e os brasileiros de destaque, como o João Fonseca, que é uma nova estrela em ascensão. No Disney+, o torcedor teve acesso a todas as quadras do torneio. Qualquer jogo em andamento pôde ser assistido no Disney+. É algo sem precedentes na TV tradicional.
Quais outros conteúdos a plataforma oferece? Temos também todos os jogos da Série B. Os 380 jogos do torneio, um dos mais populares do país, podem ser acompanhados pela plataforma, com narrador, comentarista e grande cobertura. Hoje, com a estrutura da ESPN, conseguimos ter até oito transmissões ao vivo com produção de diferentes modalidades, ou seja, com narrador e comentarista. E esse número ainda vai crescer porque o Disney+ permite essa escalabilidade. Então, o streaming consegue aliar a transmissão tradicional da televisão com uma série de novas possibilidades e experiências para o torcedor.
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