O Google divulgou nesta quinta-feira, 4, quais assuntos foram mais buscados no mundo em 2025. A morte de Charlie Kirk, ativista de extrema direita assassinado durante um evento em uma universidade em Utah em setembro, lidera com o maior número de pesquisas na plataforma. O assunto é seguido, em ordem, por “Irã“, “paralisação do governo dos EUA“, “novo papa escolhido” e “incêndios em Los Angeles“. Relembre em detalhes cada um deles abaixo.
Assassinato de Charlie Kirk
Aliado do presidente Donald Trump, o ativista conservador Charlie Kirk, morto por um atirador em 10 de setembro, envolveu-se com a política ainda na juventude. Nascido em 1993, em Illinois, ele engatou como voluntário na campanha para o Senado dos Estados Unidos do republicano Mark Kirk, eleito em 2010. Os dois não tinham qualquer vínculo familiar, embora compartilhassem o mesmo sobrenome. Aos 18 anos, tornou-se cofundador do grupo estudantil conservador Turning Point USA, rendendo-o apoio de republicanos.
Ele respondia a perguntas sobre violência armada em uma universidade em Utah, no centro-oeste do país, quando foi atingido por um disparo no pescoço. Kirk chegou a ser retirado do local, mas morreu pouco depois. Pelo menos 1.000 pessoas estavam presentes no evento na Universidade Utah Valley no momento do ataque, segundo a porta-voz da universidade, Ellen Treanor.
O evento fazia parte quando foi assassinado em uma universidade em Utah, no centro-oeste dos EUA, era a a primeira parada da tour chamada “American Comeback” (retorno americano, em português) promovida pelo Turning Point. O grupo, que atrai uma multidão de jovens de extrema direita, é conhecido por uma retórica alarmista sobre uma gama de assuntos, como raça, islamismo e imigração. Em 2019, criou lançou o Turning Point Action, que apoia candidatos conservadores a cargos públicos, incluindo o próprio Trump.
Segundo a emissora americana CNBC, o Turning Point foi fundamental para mobilizar a juventude pró-Trump nas eleições de 2020, apesar de ter sido derrotado pelo democrata Joe Biden — uma vitória que foi rejeitada e alvo de teorias conspiratórias por republicanos, entre eles Kirk. No pleito do ano passado, que garantiu o retorno de Trump à Casa Branca, Kirk ajudou a impulsionar a candidatura do líder americano nas redes sociais.
Ele contava com 8,7 milhões de seguidores no Instagram e 5,6 milhões no X, antigo Twitter. Era criador e apresentador do podcast The Charlie Kirk Show, com um público de 8,2 milhões no TikTok, onde conquistou 254,3 milhões de curtidas até a manhã desta quinta-feira, 11. Chegou-se a, inclusive, ser cogitado como parte do governo, mas a ideia teria sido descartada pela compreensão de que a influência de Kirk nas redes era mais poderosa do que um cargo político.
Irã
Na madrugada de 13 de junho, quando ainda era noite de quinta no Brasil, Israel abriu uma investida com aviões de guerra que lançaram mísseis sobre a capital iraniana, Teerã. Segundo Tel Aviv, a ação mirava instalações nucleares do país, “com o objetivo de prejudicar o programa nuclear iraniano e em resposta à agressão contínua do regime iraniano contra Israel”. A operação foi seguida por uma campanha de 12 dias de bombardeios lançada por Israel.
Os ataques atingiram a usina nuclear subterrânea de Fordow, a usina de enriquecimento maior, em Natanz, e um complexo de pesquisa nuclear em Isfahan, onde se acredita que o Irã estocava material radioativo. O exército israelense confirmou as mortes de três lideranças militares do Irã e de seis cientistas nucleares. Mas a destruição atingiu também prédios residenciais. A mídia estatal iraniana reportou que mais de setenta pessoas morreram na operação, incluindo civis. Em resposta, Teerã disparou mísseis contra Israel.
Um cessar-fogo foi anunciado ainda no final de junho. Poucos dias depois, presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, afirmou que Israel tentou assassiná-lo ao bombardear uma área na qual ele estava em reunião. Em entrevista ao apresentador americano Tucker Carlson, ele disse que os Estados Unidos não estiveram envolvidos nos esforços para matá-lo, atribuindo culpa exclusiva ao governo de Benjamin Netanyahu.
Na época, Pezeshkian destacou que Teerã não era responsável pela guerra e que não via “nenhum problema” em retomar as negociações nucleares com os EUA, mas que a confiança precisava ser reestabelecida.
“Não vemos problema em retomar as negociações”, adiantou. “Há uma condição… para reiniciar as conversas. Como vamos confiar nos Estados Unidos novamente? Retomamos as negociações, e como podemos ter certeza de que, no meio das conversas, o regime israelense não receberá novamente permissão para nos atacar?”
Em 2015, um pacto abrangente foi firmado pelos Estados Unidos e outras nações com o Irã, que autorizava o país a manter até 300 quilos de urânio enriquecido a no máximo 3,67% de pureza, limite adequado para fins civis, como geração de energia e pesquisa, mas muito abaixo dos 90% necessários para a fabricação de armas nucleares. Trump, porém, saiu do acordo unilateralmente em 2018, no seu primeiro mandato.
Paralisação do governo dos EUA
Em 1° de outubro, o governo dos Estados Unidos entrou em paralisação por falta de consenso entre republicanos e democratas na lei orçamentária. Foi o mais longo “suhtdown” da história americana, que durou 43 dias, período em que o repasse de subsídios alimentares para milhões de pessoas foi interrompido, deixou centenas de milhares de funcionários federais sem receber salário e causou caos em aeroportos devido à falta de controladores de tráfego aéreo e cancelamento de voos.
A paralisação começou porque os democratas se recusaram a apoiar um projeto de lei orçamentária avançado pelo Partido Republicano em outubro, a menos que o texto incluísse também uma série disposições sobre saúde. A principal era a extensão dos subsídios que reduzem o custo do seguro saúde sob o Affordable Care Act, também conhecido como Obamacare, que expiram no final deste ano.
No Senado, a bancada centrista do Partido Democrata fechou um acordo para votar a favor da extensão do financiamento para o governo, em troca do compromisso do líder republicano da casa, John Thune, de pautar em dezembro uma votação sobre a extensão dos subsídios de saúde — sem garantia de que será aprovada. Também fazia parte da proposta a recontratação de funcionários federais demitidos por Trump durante a paralisação, bem como a prerrogativa de que os trabalhadores que pararam de receber salário fossem pagos retroativamente.
Muitos no Partido Democrata chamaram tal acordo de “traição”, e grupos progressistas chegaram a pedir a renúncia de Chuck Schumer, líder da minoria democrata no Senado. De todo modo, a proposta foi aprovada pela Câmara dos EUA em 12 de novembro, com placar de 222 votos a favor e 209 votos contrários. Poucas horas depois, Trump sancionou o acordo em uma cerimônia no Salão Oval da Casa Branca ao lado de outros políticos. A medida estende o financiamento até 30 de janeiro, mas sem mudanças na direção de contenção de gastos.
Novo papa escolhido
Com a morte do papa Francisco, aos 88 anos, em 21 de abril, iniciou-se o processo de escolha do seu sucessor. O conclave, como é chamado processo secretíssimo de escolha do próximo papa, chegou ao fim no seu segundo dia, em 8 de maio, com a escolha do cardeal americano Robert Francis Prevost, 69 anos, como o novo líder da Igreja Católica. O primeiro pontífice dos EUA escolheu o nome de papa Leão XIV.
A decisão, fruto de intensas deliberações entre os cardeais reunidos em conclave, representou uma nova direção para a Igreja Católica em tempos de desafios e transformações. Prevost, nascido em Chicago, é visto como um clérigo que transcende fronteiras. Há muito tempo existe um tabu contra um papa americano, dado o poder geopolítico já exercido pelos Estados Unidos na esfera secular.
Mas ele serviu por duas décadas no Peru, onde se tornou bispo e se naturalizou cidadão, e depois ascendeu a líder máximo de sua ordem religiosa, a de Santo Agostinho, que opera em cinquenta países e tem como foco a vida em comunidade e a igualdade entre seus membros. Se papa Francisco era conhecido como “o argentino mais europeu possível”, devido à sua ancestralidade italiana, o jornal italiano La Repubblica chamou Provost de “o menos americano dos americanos” por sua fala mansa.
Antes de sua eleição como papa, ele ocupava um dos cargos mais influentes no Vaticano, como prefeito do Dicastério dos Bispos, que analisa as indicações de bispos do mundo todo. Como resultado, ao entrar na Capela Sistina para o conclave, desfrutava de uma proeminência que poucos outros cardeais tinham – além de poder conversar com muitos em suas línguas nativas, sendo fluente em inglês (por óbvio), italiano, espanhol, francês e também português.
Incêndios em Los Angeles
Em janeiro, incêndios florestais se alastraram por Los Angeles, na Califórnia. Estima-se que ao menos 12 mil estruturas, entre casas, carros e trailers, tenham sido destruídas, enquanto 150 mil pessoas foram obrigadas a deixar suas casas. A área consumida pelo fogo é de 160 quilômetros quadrados, maior do que cidades como São Francisco, Pittsburgh, Boston ou Miami. Ao menos 24 pessoas morreram.
Especialistas afirmam que o aquecimento global tenha criado as condições perfeitas para a eclosão do megaincêndio. Com o aquecimento do planeta, os padrões de precipitação estão se tornando mais irregulares em diversas partes do mundo, alternando períodos de muita chuva com períodos de seca severa. Esse fenômeno, conhecido como “chicote climático”, aumenta o risco de incêndios florestais na Califórnia.
No ano passado, Los Angeles registrou chuvas recordes, que estimularam o crescimento de gramíneas e arbustos. Porém, neste inverno, a cidade recebeu apenas uma fração da precipitação esperada, deixando a vegetação densa completamente seca. Diante dessa situação árida, autoridades federais emitiram alertas sobre o “alto potencial de incêndios” na região. Além disso, ventos de Santa Ana, excepcionalmente fortes nesta temporada, também agravaram o problema.