O ministro das Relações Exteriores da Argentina, Gerardo Werthein, apresentou uma carta de renúncia nesta terça-feira, 21, às vésperas das eleições legislativas no país — críticas para o governo do presidente Javier Milei, já derrotado pelos peronistas na província de Buenos Aires. Werthein, que antes serviu como embaixador argentino nos Estados Unidos, ocupava o cargo há menos de um ano. Ele substituiu Diana Mondino, demitida após votar a favor do fim do embargo dos EUA contra Cuba nas Nações Unidas.
O jornal argentino La Nación informou que Werthein deveria deixar o cargo somente após o pleito neste domingo, 26, mas decidiu formalizar a saída na noite de terça. Ele poderá ser substituído pelo atual Secretário de Culto, Nahuel Sotelo, responsável por intermediar a relação do governo com instituições religiosas, de acordo com o jornal local Clarín.
O anúncio ocorre poucos dias depois do presidente americano, Donald Trump, ameaçar Milei na semana passada: caso seu partido, A Liberdade Avança, perca as eleições legislativas, os Estados Unidos “não serão tão generosos” com a Casa Rosada. O ultimato catapultou críticas à articulação do então chanceler na reunião entre os líderes na Casa Branca.
“Se ele perder, não seremos generosos com a Argentina”, disse Trump durante a visita de Milei, em busca de apoio político e econômico do americano. “Estou com este homem porque sua filosofia está correta. E ele pode vencer ou não – acho que ele vai vencer. E se ele vencer, continuaremos com ele; se ele não vencer, estamos fora.”
O empréstimo de US$ 20 bilhões, formalizado nesta segunda-feira, na economia argentina não conseguiu acalmar os mercados — nem ajudar a sigla de Milei nas pesquisas de opinião antes das eleições de meio de mandato. Os resultados do pleito, no qual A Liberdade Avança espera aumentar sua base eleitoral, determinarão se o presidente argentino conseguirá aprovar suas reformas drásticas para cortar gastos e enxugar a máquina pública. Caso perca, ele enfrentará um impasse legislativo pelos próximos dois anos de seu mandato.
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Argentina está ‘morrendo’
Apesar da subida de tom com o aliado, Trump afirmou neste domingo, 19, que a ajuda financeira à Argentina é necessária ao alegar que o país sul-americano “está morrendo”. O republicano foi questionado por uma repórter a bordo do Air Force One sobre “agricultores americanos que acham que o acordo está beneficiando a Argentina mais do que eles”. Com tom ríspido, ele bradou: “Mocinha, você não sabe nada sobre isso”, antes de engatar numa defesa dramática da linha de financiamento ao governo de Javier Milei.
“Nada está beneficiando a Argentina, eles estão lutando pela sobrevivência”, continuou ele. “Você entende o que isso significa? Eles não têm dinheiro, não têm nada. Estão lutando arduamente para sobreviver. Se eu puder ajudá-los a sobreviver em um mundo livre… Eu gosto do presidente da Argentina. Acho que ele está tentando fazer o melhor que pode.”
Nas últimas semanas, o país altamente endividado teve que gastar mais de US$ 1 bilhão para defender o peso, uma estratégia que a maioria dos economistas considera insustentável. Isso levou os aliados de Milei em Washington a intervir com um resgate financeiro. Trump também sugeriu que poderia comprar carne bovina da Argentina para reduzir o preço do produto para os americanos. O valor da carne disparou nos EUA devido à seca e à queda da importação do México por causa de pragas nos rebanhos.