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Celso Amorim alerta para risco de ‘incêndio’ na América do Sul com intervenção na Venezuela

O assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, afirmou nesta sexta-feira, 24, que uma eventual intervenção estrangeira na Venezuela poderia “incendiar a América do Sul” e aprofundar divisões políticas no continente. A declaração ocorre em meio à escalada militar dos Estados Unidos contra o regime de Nicolás Maduro e à possibilidade de ações em solo venezuelano.

Sem citar diretamente Washington, Amorim advertiu que uma operação armada teria “efeitos devastadores” sobre a estabilidade regional e ampliaria crises humanitárias em países vizinhos, como Brasil e Colômbia.

“Não podemos aceitar uma intervenção externa, porque isso vai criar um ressentimento imenso”, disse Amorim à agência de notícias Agence France Presse (AFP). “Pode incendiar a América do Sul e levar à radicalização da política em todo o continente”, acrescentou o ex-chanceler, que se tornou um dos conselheiros mais influentes de Lula em política externa.

Para o diplomata, o risco vai além da tensão diplomática. “Uma ação militar poderia gerar problemas concretos de refugiados e criar uma onda de instabilidade que o continente não está preparado para absorver”, alertou.

As declarações de Amorim se dão enquanto o governo de Donald Trump intensifica bombardeios a embarcações venezuelanas no Caribe e no Pacífico Sul. Desde agosto, os Estados Unidos realizaram dez ataques sob o argumento de combater o narcotráfico — ofensiva que já deixou dezenas de mortos e provocou protestos em Caracas. Na quinta-feira 23, o republicano anunciou que “ações terrestres” contra cartéis podem ocorrer “a qualquer momento”.

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O governo venezuelano reagiu chamando os bombardeios de “assédio” e “violação flagrante da soberania nacional”. Em pronunciamento transmitido em rede nacional, Nicolás Maduro pediu “paz” e fez um apelo em inglês: “No crazy war, please” (“Sem guerra louca, por favor”).

Dados das Nações Unidas enfraquecem o discurso americano. O Relatório Mundial sobre Drogas de 2025 indica que o fentanil — principal responsável pelas overdoses nos Estados Unidos — tem origem no México, e não na Venezuela. Ainda assim, o governo republicano classificou cartéis sul-americanos como “organizações terroristas” e dobrou para 50 milhões de dólares a recompensa pela captura de Maduro.

Durante viagem pela Ásia, Lula também criticou as ofensivas americanas. “Você não pode simplesmente dizer que vai combater o narcotráfico na terra dos outros sem respeitar a Constituição desses países. Se o mundo virar uma terra sem lei, vai ficar muito difícil”, disse o presidente a jornalistas em Jacarta.

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Lula afirmou ainda que terá “prazer em discutir o assunto” com Trump durante a cúpula da Asean, na Malásia, prevista para este fim de semana.

O Pentágono confirmou nesta sexta-feira que os Estados Unidos realizarão exercícios conjuntos com Trinidad e Tobago, próximos à costa venezuelana — movimento que aumenta a tensão e reforça o alerta diplomático na região.

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