O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), classificou nesta quarta-feira, 29, a operação nos complexos da Penha e do Alemão como “um sucesso” e lamentou a morte de quatro policiais — dois agentes da Polícia Militar e outros dois da Polícia Civil. Para o mandatário, foram eles as únicas vítimas da incursão, cuja número de óbitos já ultrapassou os 120, a mais letal da capital fluminense. Castro também disse que aguarda contato do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, para uma reunião nas próximas horas, depois de criticar uma falta de cooperação do governo federal.
“Queria me solidarizar com as famílias dos nossos quatro guerreiros que ontem deram a vida para libertar a população. Aquelas foram as verdadeiras quatro vítimas que tivemos ontem. De vítimas ontem lá, só tivemos os policiais. A gente fez a nossa operação e foi um sucesso. Tirando a morte dos policiais, o resto da operação foi um sucesso. E a gente não fica aqui chorando, a gente fica trabalhando”, disse o governador do Rio.
Até a noite de terça-feira, 28, a conta de mortes chegava a 64 pessoas, incluindo os quatro agentes mencionados por Castro. Ao longo da madrugada, no entanto, moradores dos complexos da Penha e do Alemão encontraram ao menos novos 65 corpos em uma região de mata, onde teriam acontecido a maior parte dos confrontos com a polícia. Com isso, a conta chegaria a 129 óbitos decorrentes da operação. Novas perícias feitas pelo Instituto Médico Legal, contudo, confirmarão se os novos corpos achados têm relação com a incursão.
Na coletiva desta quarta, Castro voltou a tratar da relação com o governo federal no campo da Segurança Pública. Questionado sobre o assunto, ele reclamou por não ter sido atendido em outras oportunidades, quando pediu o reforço de blindados das forças nacionais para operações em solo carioca, mas ponderou não ter feito o pedido para a ação da vez. A declaração rendeu reações do Ministério da Justiça, que disse não ter recebido pedidos recentes e se colocou à disposição para dialogar com o governador. Castro, então, disse que seu gabinete recebeu o contato da equipe de Lewandowski, com o recado de que os dois poderiam se encontrar nas próximas horas.
“Ontem, a única tratativa minha com o ministro Rui Costa foi um pedido de transferências de presos para os presídios federais. Qualquer coisa diferente disso, nós estamos esperando uma sinalização deles hoje. À noite, o gabinete do ministro Lewandowski fez contato com o meu gabinete dizendo que ele tinha interesse de vir hoje aqui no Rio de Janeiro e que teria uma reunião de manhã com o presidente. Depois, ele diria a hora que viria aqui. Nós estamos esperando esse contato. Provavelmente devem estar em reunião ainda para não terem ligado ainda. Totalmente natural”, afirmou.
Ao tratar do atrito causado com o governo federal, Castro disse que não tratará Segurança Pública com “politicagem”. “Todos os meus secretários estão terminantemente proibidos de dar nenhuma declaração que não seja pró-segurança pública. Não bateremos boca com ninguém e espero que todas as autoridades entendam que esse é o momento de união. E sinceramente, nós que temos compromisso público, esperamos que essa oportunidade não vire um campo de batalha e não vire politicagem”, completou.