Ativistas da ONG ambientalista Greenpeace se juntaram nesta segunda-feira, 23, aos protestos contra o casamento do bilionário Jeff Bezos com a jornalista Laura Sanchez, marcado para o fim de junho em Veneza, na Itália. A cerimônia, que deve atrair cerca de 200 convidados e custar entre 20 e 30 milhões de euros (até R$ 190 milhões), foi apelidada de “o casamento do século” e já provoca insatisfação entre os locais por impulsionar o turismo em massa.
Manifestantes do Greenpeace Itália e do grupo britânico “Todo mundo odeia Elon”, em referência ao CEO do X e da Tesla, Musk, fixaram uma enorme faixa na Praça de São Marcos, no centro de Veneza, com uma foto de Bezos rindo e os dizeres: “Se você pode alugar Veneza para o seu casamento, você pode pagar mais impostos” – parte do movimento global que cobra a taxação de grandes fortunas.
As datas e o local exato da luxuosa festa são sigilosos, mas as celebrações devem ocorrer ao longo de três dias, entre 26 e 28 de junho, na ilha de San Giorgio Maggiore, em frente à Praça São Marcos. Entre os convidados estão celebridades como Oprah Winfrey, Leonardo DiCaprio, Katy Perry e Ivanka Trump, filha do presidente dos Estados Unidos.
Insatisfação
Desde março, quando o prefeito veneziano, Luigi Brugnaro, confirmou a cerimônia, moradores iniciaram uma campanha contra o evento. Para a população local, celebrações VIP como essa escancaram a transformação da cidade em um “playground para ricos”, enquanto os moradores arcam com o aumento no custo de vida, o desaparecimento do comércio local e o cerceamento do espaço público.
O prefeito Brugnaro, por sua vez, disse estar “orgulhoso” da escolha do casal e argumentou que o casamento do bilionário trará benefícios econômicos para os negócios locais. O secretário de Turismo, Simone Venturini, argumentou que a cidade já sediou a cúpula do G7, a Bienal e outros casamentos de celebridades “muito mais complexos”, e que só uma “minoria de manifestantes profissionais” vê problemas em um evento privado.
Com cerca de 50 mil habitantes, Veneza sofre há décadas com o êxodo da população local, provocado pela alta nos preços dos aluguéis, pela especulação imobiliária e pela dependência econômica do turismo. Em abril, entrou em vigor uma taxa de cinco euros para turistas que visitam a cidade apenas durante um dia, tentativa das autoridades locais de conter o fluxo desenfreado de visitantes.