No processo que o presidente da França, Emmanuel Macron, e sua esposa, Brigitte Macron, abriram contra a influenciadora americana da ultradireita Candace Owens, o casal planeja apresentar evidências fotográficas e “científicas” para provar que a primeira-dama é uma mulher. A ação, movida no Tribunal Superior de Delaware, nos Estados Unidos, foi aberta porque Owens disseminou boatos de que ela teria nascido homem e seria transexual. A influenciadora é acusada de difamação.
Em entrevista à BBC na quarta-feira 17, Tom Clare, o advogado do casal Macron, disse que haveria “um depoimento especializado de natureza científica” e, embora não tenha dado nenhum detalhe a mais, disse que o casal estava preparado para demonstrar plenamente, “tanto de forma genérica quanto específica”, que as alegações são falsas.
“É incrivelmente perturbador pensar que você tem que se submeter a isso para apresentar esse tipo de prova”, disse o advogado. “É um processo ao qual ela (Brigitte) terá que se submeter de forma bastante pública. Mas ela está disposta a fazê-lo. Ela está firmemente decidida a fazer o que for preciso para esclarecer as coisas.”
Clare afirmou que a primeira-dama francesa considera as alegações “incrivelmente perturbadoras” e que elas eram uma “distração” para o marido.
“Assim como qualquer pessoa que concilia a carreira com a vida familiar, quando sua família está sob ataque, isso te desgasta. E ele não está imune a isso por ser o presidente de um país”, disse Clare.
Candace Owens, ex-comentarista do jornal conservador americano Daily Wire, tem espalhado aos seus milhões de seguidores nas redes sociais a história de que Brigitte Macron seria homem. Em março de 2024, ela alegou que apostaria “toda a sua reputação profissional” na alegação. Mas o rumor teve origem anos antes, notadamente por meio de um vídeo do YouTube de 2021 das blogueiras francesas Amandine Roy e Natacha Rey.
Os Macron venceram um processo de difamação na França contra Roy e Rey no ano passado, mas essa decisão foi anulada em apelação em 2025 — com base na proteção da liberdade de expressão, e não na verdade. O casal está recorrendo da decisão.
A ação contra Owens foi aberta em julho, e a acusa de “desconsiderar todas as evidências confiáveis que refutam sua alegação em favor de usar teorias da conspiração conhecidas e difamadores comprovados”. Em processos por difamação contra figuras públicas nos Estados Unidos, os autores são obrigados a provar “má-fé” — que o réu espalhou informações falsas intencionalmente ou agiu com desrespeito imprudente à verdade.
Em agosto, Emmanuel Macron explicou à revista francesa Paris Match por que eles decidiram entrar com um processo contra a influencer.
“Trata-se de defender minha honra! Porque isso é um absurdo. Trata-se de alguém que sabia muito bem que tinha informações falsas e o fez com o objetivo de causar danos, a serviço de uma ideologia e com conexões estabelecidas com líderes de extrema direita”, afirmou o presidente francês.
Os advogados de Owens responderam com uma moção de arquivamento, argumentando que o caso não deveria ter sido aberto em Delaware, onde estão seus negócios, mas não vive lá. Isso causaria “dificuldades financeiras e operacionais substanciais”, argumentou a defesa. Enquanto isso, a influencer já havia afirmado anteriormente que acredita estar dizendo a verdade e que “não há nada mais americano do que a liberdade de expressão”.
