A Casa Branca começou, nesta segunda-feira, 20, a demolição da Ala Leste para dar lugar ao novo salão de baile desejado pelo presidente Donald Trump. Orçado em US$ 200 milhões (cerca de R$ 1 bilhão), o projeto ampliará a residência histórica em 8.400 metros quadrados e permitirá eventos para até 650 pessoas — mais do que o triplo da capacidade do Salão Leste.
Financiado pelo próprio presidente e por doadores privados, o projeto anunciado no final de agosto contraria a promessa de Trump de que a construção não interferiria na estrutura histórica da residência oficial. Especialistas em preservação histórica e ética governamental já alertavam para potenciais impactos na integridade do edifício.
Segundo Trump, a reforma é necessária para receber líderes mundiais e outros convidados sem a adição de uma tenda no gramado sul da Casa Branca. O novo salão será “substancialmente separado do edifício principal, mas manterá a tradição arquitetônica da Ala Leste”, destacou Karoline Leavitt, porta-voz do governo.
A reforma seria um dos maiores projetos nos jardins da Casa Branca desde que o presidente Harry Truman (1945-1953) criou o que hoje é a Ala Oeste. De acordo com imagens divulgadas pelo governo, a ideia é construir um salão de baile que se assemelharia a um dos cômodos de Mar-a-Lago, a mansão/resort de Trump. Uma das fotos mostra um salão decorado com lustres e cadeiras douradas em volta de dezenas de mesas.
O quanto a Ala Leste da Casa Branca mudará ainda não está claro. Trump afirmou estar focado em manter a integridade e a tradição da residência presidencial.
Embora historiadores e especialistas em ética governamental afirmem que presidentes têm autoridade para conduzir a reforma, eles levantam preocupações sobre o financiamento do novo salão de baile e a contratação das empresas de arquitetura — não está claro se foi um processo competitivo, ou se entidades ligadas ao republicano foram beneficiadas. O projeto está sendo executado pelos escritórios McCrery Architects, Clark Construction e AECOM.
Embora o governo tenha apresentado o fato de que não são os contribuintes que vão pagar pelo novo salão de baile como trunfo, o financiamento por doadores voluntários abre espaço para conflitos de ética. Além disso, especialistas alertam que a ampliação da Casa Branca pode permitir que Trump e futuros governos convidem seus doadores à residência presidencial, ao invés de realizar os tradicionais comícios, preparando terreno para uma abordagem cada vez mais transacional.
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Em seu segundo mandato, Trump vem tentando remodelar as instituições americanas à sua imagem por meio de mudanças políticas abrangentes — mas parece também querer deixar sua marca na estrutura física da Casa Branca. Antes do salão de baile, ele já redecorou o Salão Oval (com direito a uma profusão de ornamentos dourados), o Rose Garden e instalou um novo mastro de bandeira em frente ao edifício que abriga o poder executivo dos Estados Unidos.
A nova obra também se soma a um cenário de polêmica sobre modernização e uso de recursos privados em propriedades públicas. Trump anunciou recentemente planos para erguer o “Arc de Trump”, uma versão americana do Arco do Triunfo, em frente ao Memorial Lincoln, também financiada por apoiadores do presidente.
O “Arc de Trump” seria erguido no fim da Memorial Bridge, às margens do rio Potomac, e comemoraria os 250 anos da independência americana, em 2026.