O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, anunciou nesta segunda-feira, 13, que o presidente Donald Trump e o líder chinês Xi Jinping devem se encontrar “em breve” na Coreia do Sul. O objetivo, segundo ele, é “reduzir tensões” após uma nova rodada de retaliações comerciais entre as duas maiores economias do mundo.
A nova faísca foi acesa na quinta-feira, quando Pequim expandiu seus controles sobre exportações de terras raras, um grupo de 17 minerais cruciais para a fabricação de semicondutores, veículos elétricos e armamentos. Washington respondeu de imediato: na sexta-feira, Trump anunciou tarifas adicionais de 100% sobre uma ampla gama de produtos chineses, com vigência prevista para 1º de novembro.
“Há uma desescalada significativa em curso”, afirmou Bessent à Fox Business, acrescentando que o encontro entre Trump e Xi deve ocorrer à margem da cúpula da APEC, em Seul, no fim de outubro.
A disputa atual é uma extensão de um conflito que nunca foi totalmente resolvido. Em maio, ambos os países haviam concordado em reduzir tarifas sobre produtos mutuamente importados.
O movimento chinês sobre as terras raras é particularmente sensível. O país domina cerca de 90% do processamento global desses minerais, e seu controle é visto em Washington como uma vulnerabilidade estratégica. Quando Pequim limita o acesso, ameaça não apenas fabricantes de tecnologia, mas toda a cadeia de suprimentos ocidental.
O Ministério do Comércio chinês, em comunicado divulgado nesta segunda-feira, defendeu suas medidas como “ações normais de soberania”, e acusou os Estados Unidos de “abusar do conceito de segurança nacional” e “discriminar sistematicamente empresas chinesas”.
Por trás da retórica, ambos os lados parecem reconhecer que o custo de um novo impasse comercial seria alto demais.
Em Wall Street, os mercados americanos despencaram na sexta-feira, após o presidente Donald Trump ameaçar um aumento expressivo nas tarifas sobre produtos chineses, reacendendo preocupações sobre uma nova guerra comercial.
A reação dos investidores pôs fim a uma sequência de dias de relativo otimismo em torno da política monetária americana. O S&P 500 e o Nasdaq registraram, na sexta-feira, suas maiores quedas percentuais desde 10 de abril, refletindo o nervosismo com a escalada das tensões entre Washington e Pequim. O dólar chegou a subir mais de 2%. Nesta segunda-feira, porém, com sinais de reaproximação entre as duas potências, os mercados ensaiam uma recuperação: os principais índices voltaram ao terreno positivo e o dólar recua mais de 1%.
Washington precisa de estabilidade para conter pressões inflacionárias domésticas e manter o dólar competitivo. Pequim, por sua vez, busca atrair investimentos estrangeiros em meio à fraqueza de sua demanda interna e ao esfriamento do setor imobiliário.
O encontro em Seul deve ser menos uma negociação formal e mais um teste de intenções. Funcionários dos dois países se reúnem nesta semana em Washington, paralelamente às reuniões do FMI e do Banco Mundial, num esforço para preparar o terreno.
Trégua frágil
As novas retaliações de ambos os lados marcam a ruptura de uma trégua comercial frágil, firmada há apenas alguns meses. A troca de acusações reacende o clima de desconfiança entre Washington e Pequim e ameaça comprometer o aguardado encontro entre Donald Trump e Xi Jinping. O impasse coloca em risco o breve período de estabilidade conquistado após uma guerra tarifária que, em abril, chegou a elevar as alíquotas de importação a mais de 100% em ambos os países. Um acordo veio em maio quando, desde então, os Estados Unidos vinham aplicando tarifas provisórias de 30% sobre todos os produtos chineses, enquanto Pequim impunha taxas de 10% sobre as importações americanas.
A tensão comercial entre Estados Unidos e China voltou a se intensificar na quinta-feira, quando Pequim impôs limites à exportação de terras raras. A medida, vista por Washington como uma resposta estratégica, abalou a frágil trégua firmada meses antes.
Em retaliação, Donald Trump anunciou uma tarifa adicional de 100% sobre os produtos chineses, somando-se aos 30% já em vigor desde maio, além das taxas específicas aplicadas a setores como aço, alumínio, cobre, farmacêuticos e móveis.