Depois de receber uma carta do governo de Donald Trump lamentando as mortes policiais na operação da semana passada e se colocando à disposição, a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro emitiu uma nota afirmando que a medida não significa uma “permissão” para ações do governo americano em solo brasileiro. No entanto, a pasta disse que mantém “constante troca de informações” com “instituições de combate ao narcotráfico” dos EUA.
“As Forças de Segurança do Estado do Rio de Janeiro mantêm constante troca de informações com instituições de combate ao narcotráfico dos Estados Unidos e de vários outros países, já que se trata de crime com ramificações internacionais. É neste contexto que o DEA (departamento antidrogas dos EUA) se coloca à disposição para qualquer apoio que se faça necessário. James M. Sparks, que assina a nota, trabalha no Consulado dos Estados Unidos no Rio de Janeiro”, diz trecho da nota.
Em seguida, o comunicado afirma: “Essa interlocução nada tem a ver com qualquer permissão a ações do governo americano em solo brasileiro. Até porque não é permitido pela legislação brasileira”.
Nesta quarta-feira, 5, o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor dos Santos, recebeu uma carta assinada por James Sparks, membro do Departamento de Combate às Drogas dos EUA, lamentando as mortes dos quatro policiais que participaram da sangrenta operação nos complexos do Alemão e da Penha na semana passada. Ao todo, 121 pessoas morreram. Além disso, no documento, o governo Trump se colocou à disposição para ajudar o do Rio.
“É com profundo pesar que expressamos nossas mais sinceras condolências pela trágica perda dos quatro policiais que tombaram no cumprimento do dever, durante a recente Operação Contenção no Complexo do Alemão. Sabemos que a missão de proteger a sociedade exige coragem, dedicação e sacrifício, e reconhecemos o valor e a honra desses profissionais que deram suas vidas em defesa da segurança pública”, diz o documento enviado por Sparks ao secretário do Rio de Janeiro.
Mais adiante, ele se colocou à disposição do governo do Rio. “Neste momento de luto, reiteramos nosso respeito e admiração pelo trabalho incansável das forças de segurança do Estado e colocamo-nos à disposição para qualquer apoio que se faça necessário.”
A possibilidade de intervenção dos Estados Unidos no enfrentamento ao narcotráfico voltou à mesa depois de ações do governo Donald Trump em outros países da América Latina. Nesse mês, forças de segurança americanas explodiram embarcações no mar na altura da Venezuela e do Caribe, sob o argumento de que estavam ligadas ao tráfico internacional de entorpecentes.