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Carro enterrado e carta anônima: as novas pistas no sumiço de amigos no PR

As investigações sobre o desaparecimento de quatro homens relacionados à cobrança de uma dívida no interior do Paraná avançaram significativamente neste final de semana. Desde a sexta-feira, 12, equipes foram mobilizadas em novas buscas e tiveram resultados concretos.

Um carro de modelo Fiat Toro que foi usado por três dos desaparecidos — os cobradores de dívida que foram de São Paulo para Icaraíma, no Paraná — foi encontrado soterrado em um bunker na área rural do município, já próximo da fronteira do Mato Grosso do Sul.

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A área em que o carro foi encontrado é muito afastada e de difícil acesso para as equipes, com mata fechada e sem sinal de telefone ou internet.

Ponto vermelho aponta a localização em que o carro foi encontrado, soterrado em um bunker; região fica próximo à fronteira de Mato Grosso do Sul
Ponto vermelho aponta a localização em que o carro foi encontrado, soterrado em um bunker; região fica próximo à fronteira de Mato Grosso do SulGoogle Maps/Reprodução

No veículo, foram identificadas várias marcas de bala na lataria e no para-brisa, além de muitos vestígios de sangue na caçamba. Segundo a polícia, mais de uma arma de fogo foi utilizada para fazer os disparos.

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O carro estava tombado lateralmente no local, o que dificultou a remoção dele, sendo necessário a utilização de vários maquinários diferentes, como retroescavadeira e guincho.

Dentro do veículo também foi encontrado um objeto — a polícia não informou qual — com o nome de uma pessoa escrito nele. O carro e o objeto foram encaminhados para a perícia.

A polícia chegou até o veículo porque, como informou o tenente Guilherme Schnaider, chefe do batalhão da polícia ambiental alocado no caso, a região possui muitos bunkers por se tratar de uma rota do tráfico de drogas no país. Eles costumam ser utilizados para esconder substâncias ilegais, já tendo sido feita, no passado, a apreensão de mais de cinco toneladas de maconha escondidas em um desses espaços subterrâneos.

“Tudo está sendo averiguado. Por que o carro foi colocado lá, naquele bunker especificamente; o porquê da escolha daquela região; tudo isso a Polícia Civil está averiguando”, informou o delegado responsável pelo caso, Gabriel Menezes.

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Carro dos cobradores de dívidas após ser retirado de bunker da área rural de Icaraíma
Carro dos cobradores de dívidas após ser retirado de bunker da área rural de IcaraímaPolícia Ambiental do Paraná/Divulgação

Outra novidade na investigação foi uma carta anônima entregue à polícia. Nela, constam informações sobre uma região em que novas pistas poderiam ser encontradas. A localização não aponta exatamente o lugar em que o carro foi achado, mas o insere em uma região muito mais ampla, que, agora, está passando por outras averiguações.

No sábado, 13, cães farejadores foram levados para algumas partes dessa localização, mas não houve novos indícios. “Vários pontos foram verificados. Nós tínhamos informações sobre onde os corpos poderiam estar, mas eles não foram encontrados”, relatou o delegado em coletiva de imprensa. “Novos pontos estão sendo levantados e serão apurados”, disse.

Em outra frente investigativa, armas de fogo foram encontradas e apreendidas no sítio de Alencar Gonçalves de Souza, homem que contratou os cobradores informais de dívidas.

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Uma das principais hipóteses da polícia atualmente é de que tanto Alencar quanto os três cobradores tenham sido assassinados nesse sítio por Antônio e Paulo Ricardo Buscariollo, os devedores, e que, posteriormente, os assassinos teriam escondido o carro deles e seus corpos em bunkers.

Um segundo segundo carro, de modelo Fiat Strada e branco, foi apreendido no centro da cidade de Icaraíma. Ele estava com a placa adulterada, e a polícia acredita que pode ter relação com a família Buscariollo. O homem que dirigia o veículo foi preso e ouvido formalmente; ele nega a relação com os devedores.

Antônio e Paulo Ricardo Buscariollo são considerados foragidos da polícia. Além deles, outros membros da família, Carlos Henrique e Carlos Eduardo, filhos de Antônio, também estão sendo investigados, mas não estão foragidos.

Relembre o caso

Três amigos desapareceram após viajarem de São Paulo ao Paraná para cobrar uma dívida de 255 mil reais. Eles foram contratados por um homem — que também está desaparecido — para fazer a cobrança do débito, relativo a uma transação envolvendo um imóvel rural. A polícia trabalha com a hipótese de que os devedores tenham matado os quatro.

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Diego Henrique Afonso, Robishley Hirnani de Oliveira e Rafael Juliano Marascalchi trabalhavam irregularmente há pelo menos 13 anos fazendo cobranças de dívidas de modo agressivo e persuasivo, segundo a polícia. Eles foram contratados por um morador de Icaraíma, no noroeste do Paraná, identificado como Alencar Gonçalves de Souza para que cobrassem o valor de um terreno rural da cidade que ele vendeu à família Buscariollo, moradora da região.

Os três amigos saíram de São José do Rio Preto, em São Paulo, e chegaram a Icaraíma no dia 4 de julho, quando já entraram em contato com os devedores. Sem resultado, eles voltaram no dia seguinte para continuar a cobrança, mas, desde então, perderam contato com os familiares — momento em que o desaparecimento deles foi informado à polícia.

“Os familiares deles contribuíram [com as investigações], mas não conseguem passar informações precisas sobre o negócio porque nenhum dos cobradores esclarecia exatamente a suas esposas qual era o exato objeto da cobrança. Eles falaram para elas de forma genérica que estavam vindo para o Paraná para cobrar uma dívida que tinha relação com um imóvel, mas não passaram para elas as minúcias do negócio que poderiam ajudar nas investigações”, explicou o delegado Gabriel Menezes.

Enquanto viajavam para o Paraná, os três homens fizeram uma foto no carro (imagem acima) e publicaram nas redes sociais.

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Do outro lado, os familiares do contratante, Alencar de Souza, também informaram o desaparecimento dele desde o meio-dia do dia 4. As últimas pessoas que teriam tido contato com ele teriam sido Antônio Buscariollo e Paulo Ricardo Costa Buscariollo, pai e filho respectivamente, quando ele teria cobrado pessoalmente o valor que eles deviam.

Ambos foram ouvidos pela polícia assim que os desaparecimentos foram notificados e disseram não ter qualquer relação com a compra do terreno. Eles teriam indicado outras duas pessoas da família como devedores do caso, mas a polícia não conseguiu confirmar essa versão até o momento, já que não conseguiu encontrar essas pessoas.

Pai e filho foram liberados, mas, em seguida, as autoridades abriram mandados de prisão preventiva contra eles — quando os policiais foram até a casa deles, no entanto, não encontraram mais nenhuma pessoa da família. Antônio Buscariollo e Paulo Ricardo Costa Buscariollo são considerados foragidos.

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