Durante seu voto no julgamento da trama golpista, que formou maioria para a condenação de Jair Bolsonaro, a ministra do STF Cármen Lúcia abriu espaço para que colegas fizessem intervenções, mas com bom humor. Ao conceder a palavra ao ministro Flávio Dino, que pediu para comentar o assunto em questão, ela alertou que deveria ser breve e ironizou: “Nós, mulheres, ficamos dois mil anos caladas, queremos o direito de falar. Mas eu concedo, como sempre: está no regimento do Supremo. O debate faz parte de julgamentos. Tenho gosto de ouvir, sou da prosa”. O comentário repercutiu amplamente, especialmente entre as mulheres, embora não tenha superado a força do resultado.
Cabe destacar que esta não é a primeira vez que a ministra, única mulher no Supremo Tribunal Federal, ressalta a posição feminista. Em março de 2022, por exemplo, Cármen Lúcia abordou o tema ao falar que o preconceito de gênero afasta mulheres das posições de poder. “Nós mulheres já não queremos apenas ser representadas, nós queremos nos apresentar, estar presentes nos espaços públicos. Nós somos a maioria da população brasileira, somos a maioria dos eleitores, mas temos menos de 20% de representação no Legislativo e apenas uma governadora entre os 27″, afirmou a ministra, durante um evento em comemoração ao Dia Internacional da Mulher.