O procurador-geral de Washington, Brian Schwalb, entrou com uma ordem de restrição de emergência nesta sexta-feira, 15, buscando impedir a tomada de controle “hostil” do departamento de polícia da capital dos Estados Unidos pelo governo do presidente Donald Trump. Para ele, a atual gestão está extrapolando seus limites legais com a ação.
“Ao declarar uma tomada hostil da Polícia Metropolitana, o governo está abusando de sua autoridade limitada e temporária sob a Lei de Regras Domésticas”, afirma o documento, encaminhado pelo procurador em resposta à nomeação de Terry Cole, chefe da Administração de Repressão às Drogas (DEA, na sigla em inglês), como responsável pelas forças policiais.
Na quinta-feira, 14, Cole foi nomeado pela secretária de Justiça dos EUA, Pam Bondi, como Comissário de Emergência. A ordem não deixou claro como a hierarquia das forças policiais do distrito deverá se organizar, só estabeleceu que os agentes locais devem se reportar ao indicado pela Casa Branca. A decisão foi imediatamente contestada por autoridades locais.
“Não há estatuto que transfira a autoridade pessoal do distrito a um funcionário federal”, respondeu a prefeita de Washington, Muriel Bowser, em publicação no X, antigo Twitter.
O episódio acontece em meio à intervenção do governo Trump em Washington. Na segunda-feira, 11, o presidente declarou que a capital estava “fora de controle” e deveria ser resgatada “do crime, do derramamento de sangue, da confusão e da miséria”. Desde então, o mandatário mobilizou a Guarda Nacional para patrulhar as ruas da cidade, resultando na remoção de muitos sem-teto das ruas da cidade.
A justificativa de Trump é contestada por dados da polícia local, que apontam uma queda de 7% na criminalidade geral em comparação a 2024, e uma redução expressiva de 26% nos crimes violentos. Confrontado com as estatísticas, o presidente acusou as autoridades de fornecerem “dados falsos” e disse que as informações estão sendo investigadas.
No total, mais de 200 prisões foram realizadas pelas forças federais ou pela Polícia Metropolitana durante a intervenção de Trump em Washington. Segundo a porta-voz do governo, Karoline Leavitt, pelo menos 29 imigrantes ilegais foram “removidos” da cidade.
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A decisão de substituir o responsável pelas forças policiais da capital ocorre horas após um impasse entre Bondi e a chefe da Polícia Metropolitana, Pamela Smith. A comandante havia emitido uma ordem autorizando o compartilhamento de pessoas não detidas — como motoristas parados em blitz — com órgãos federais, incluindo o ICE, a agência de imigração americana.