Ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto participou de um evento do Lide em Paris, nesta quinta-feira, quando teceu elogios à gestão de seu sucessor no cargo, Gabriel Galípolo. O ex-chefe do BCE ainda se mostrou “aliviado” por não ser mais alvo de críticas relativas às taxas de juros controladas pela entidade.
“Ele [Galípolo] tem feito um trabalho espetacular, irretocável, mas é sempre bom quando alguém reclama dos juros e não olha para mim”, declarou Campos Neto.
Na ocasião, o economista ainda avaliou que o Brasil só conseguirá consolidar juros “de um dígito” com um “choque positivo na área fiscal”. Ele disse que “a inflação ainda está acima da meta” e que a queda adicional dos juros depende de confiança na trajetória fiscal.
Entre outros pontos, Campos Neto descreveu um ambiente global mais arriscado, com “polarização política”, “erosão institucional” e políticas fiscal e monetária desalinhadas em diversos países, fatores que, segundo ele, “elevam o custo do dinheiro e os prêmios de risco”.
Fez, também, algumas críticas ao uso de inteligência artificial no mercado de trabalho, afirmando que o recurso tende a elevar o desemprego em serviços e criar uma “desigualdade entre quem domina a tecnologia e quem não domina”.
Ponderou, contudo, que algumas inovações tecnológicas do próprio Banco Central, como o pix, contribuem para a segurança financeira da população e do país.
“Não podemos cair na falsa narrativa de que a inovação gerou insegurança. Os índices de segurança do Pix são melhores do que os de vários países desenvolvidos”, disse.
Campos Neto integra a comitiva empresarial do Lide que deve se reunir ainda nesta quinta com o presidente da França, Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu.
