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Camarão também sofre

Apesar de frequentemente mergulhados, ainda vivos, em água fervente, os crustáceos são animais sensíveis à dor, segundo a ciência. Nesta terça-feira, 2, biólogos da Alianima — organização sem fins lucrativos dedicada à melhoria das condições de vida dos animais — lançam a “Declaração de Senciência em Crustáceos”, documento que reconhece esses seres como animais sencientes e, portanto, reivindica condições mais humanitárias de captura, transporte e abate.

Os crustáceos não contam com qualquer proteção legislativa voltada ao bem-estar nem costumam aparecer em debates éticos. São seres vivos praticamente invisíveis aos olhos da sociedade, lembrados sobretudo quando o assunto é gastronomia. Cerca de 440 bilhões de camarões são produzidos em fazendas todos os anos ao redor do mundo para abastecer supermercados e peixarias. São adorados no prato, mas esses pequenos e silenciosos animais não despertam empatia por não terem uma “carinha fofa” ou expressões evidentes de incômodo ou sofrimento — o que leva muitos a supor que seriam simples demais para sentir dor.

A declaração reúne estudos neuroanatômicos, comportamentais e farmacológicos que indicam que camarões, lagostas e outros crustáceos são capazes de sentir dor, experimentar sofrimento e apresentar respostas complexas a estímulos nocivos. Eles conseguem distinguir cores e formas e demonstram capacidades de cognição, tomada de decisão e percepção. O material dá continuidade ao trabalho iniciado pela ONG em 2023, quando lançou a Declaração de Senciência em Peixes.

A principal pesquisa que embasou o movimento dos biólogos por proteção legal e maior atenção a esses animais é de 2010. Na época, o biólogo Bob Elwood, da Universidade Queen’s, na Irlanda do Norte, realizou um experimento comportamental com caranguejos submetidos a choques elétricos em um ponto escuro do aquário. Depois de receberem a descarga, eles deixaram de entrar naquela área.

“Eles aprendem a evitar situações prejudiciais e dolorosas. Ajustam o comportamento. Não podemos ignorar isso”, afirma Carolina Maia, bióloga com pós-doutorado em aquicultura e especialista em peixes na Alianima. Reconhecer a senciência é o primeiro passo para que os pesquisadores avancem na luta por algum tipo de proteção para esses animais.

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