As buscas por jogos de azar registraram um aumento exponencial no Google em 2025. De acordo com levantamento da consultoria Bites Trens, apenas nestes primeiros oito meses houve um aumento de 631% nas pesquisas pelo assunto “caça-níqueis” na plataforma. E, na liderança do ranking de nações em que isso ocorre com mais frequência, estão países com contexto econômico ou social delicado, como Indonésia, Líbia, Iêmen e Iraque.
A métrica, levantada a partir da plataforma Google Trends, leva em conta todas as variações de buscas pela palavra “caça-níqueis” em diferentes idiomas, além de gírias e termos equivalentes a esse, o que permite capturar o real interesse no tema ao redor do mundo. De acordo com a Bites, é a Indonésia que lidera nessas pesquisas, sinal de um problema já no radar do governo local.
Dados do Centro de Relatórios e Análise de Transações Financeiras da Indonésia (PPATK) mostram que as transações de apostas online movimentaram Rp981 trilhões (aproximadamente $61,6 bilhões) em 2024. Cerca de 8,8 milhões de indonésios estão envolvidos em apostas online, incluindo 80 mil crianças menores de 10 anos. Não à toa, uma força-tarefa local já bloqueou mais de 5,1 milhões de conteúdos relacionados a jogos online desde 2017, o que resultou em uma grande queda nas apostas — mas ainda insuficiente para conter o consumo desenfreado nesse mercado.
A Líbia é outro caso que chama a atenção. O país aparece em seguida na lista, embora lá todas as formas de aposta sejam proibidas pela lei islâmica. A facilidade de acessar esses conteúdos por meio de VPNs, que mascaram a localização do dispositivo usado para apostar, tem permitido que a população contorne essas restrições. E, dado o contexto bélico intenso da região, as prioridades governamentais têm sido voltadas para outros assuntos. A nação está dividida entre dois governos rivais desde 2014, após uma guerra civil de seis anos.
“Com 40% da população abaixo da linha da pobreza e desemprego jovem acima de 50%, o alto interesse por jogos pode refletir tanto a busca desesperada por renda alternativa quanto a necessidade de escape em um contexto de grave instabilidade econômica e social”, analisa o relatório da Bites.
No ranking, aparecem também Iêmen, Iraque, Venezuela, El Salvador e Guatemala nas primeiras posições. Em comum, tais nações passam crises políticas, econômicas ou sociais profundas, o que pode indicar que a busca por jogos de azar seja encarada como uma maneira desesperada de buscar nova fonte de renda.