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Britânicos são condenados por planejar massacre contra judeus; Reino Unido alerta para nova onda jihadista

Dois homens foram condenados nesta terça-feira (23) no Reino Unido por planejar um ataque armado de grandes proporções contra a comunidade judaica inglesa, em um caso que reacendeu o alerta das autoridades para o ressurgimento da ameaça representada pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI).

Walid Saadaoui, 38, e Amar Hussein, 52, foram considerados culpados pelo tribunal de Preston por preparar atos terroristas. Segundo a acusação, ambos pretendiam realizar um atentado com armas automáticas para matar centenas de judeus. Investigadores afirmam que, se levado adiante, o plano poderia ter se tornado um dos ataques mais letais da história do país.

A condenação ocorre em um momento de crescente tensão internacional. Poucos dias antes do veredicto, um ataque a tiros durante uma celebração judaica de Hanucá em Bondi Beach, em Sydney, deixou 15 mortos. Embora o Estado Islâmico não tenha reivindicado oficialmente a ação, classificou o episódio como “motivo de orgulho”, o que ampliou temores de uma escalada do extremismo islâmico violento em países ocidentais.

No Reino Unido, o julgamento teve início semanas após um ataque fatal a uma sinagoga em Manchester, em outubro, episódio sem ligação direta com o caso, mas que contribuiu para reforçar o clima de alerta entre as forças de segurança.

Segundo Robert Potts, chefe adjunto da polícia antiterrorismo no noroeste da Inglaterra, o plano demonstrava um grau elevado de letalidade. “Caso tivesse sido executado, poderia ter resultado em um dos piores ataques terroristas já registrados no Reino Unido”, afirmou.

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Armas, infiltração e idolatria jihadista

De acordo com os promotores, Saadaoui havia organizado a entrada ilegal no país de dois fuzis de assalto, uma pistola automática e cerca de 200 munições pelo porto de Dover, antes de ser preso em maio de 2024. Ele planejava adquirir ainda mais armas e ao menos 900 projéteis.

O plano, no entanto, nunca avançou porque o suposto intermediário na venda do armamento, identificado como “Farouk”, era um agente infiltrado da polícia. As autoridades afirmam que a infiltração impediu que a conspiração chegasse a um estágio operacional.

Durante o julgamento, a acusação destacou que Saadaoui buscava armas semelhantes às usadas no ataque jihadista ao teatro Bataclan, em Paris, em 2015, que deixou 130 mortos. Mensagens trocadas com o agente infiltrado indicam que ele idolatrava Abdelhamid Abaaoud, um dos coordenadores do atentado francês, e classificou a ação como “a maior operação desde Osama bin Laden”, em referência aos ataques de 11 de setembro de 2001.

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Segundo Potts, as comunicações deixaram claro que Saadaoui considerava insuficientes ataques de menor escala. “Ele acreditava que sua missão era matar o maior número possível de judeus, e que isso só seria alcançado com armas de alto poder de fogo”, disse.

Hussein não prestou depoimento e compareceu poucas vezes ao tribunal. No primeiro dia do julgamento, gritou da bancada dos réus “quantos bebês?”, em aparente alusão à guerra de Israel na Faixa de Gaza. Ambos negaram envolvimento. Saadaoui alegou que apenas fingiu participar do plano por medo de represálias.

O irmão de Walid, Bilel Saadaoui, 36, também foi condenado, por não comunicar informações sobre terrorismo às autoridades. Segundo os promotores, ele tinha conhecimento do plano, mas relutava em participar diretamente.

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Alerta renovado na Europa

Especialistas em segurança europeus avaliam que, embora o Estado Islâmico não represente hoje a mesma ameaça territorial de uma década atrás — quando controlava áreas extensas do Iraque e da Síria —, o grupo voltou a incentivar ataques no exterior, sobretudo por meio da radicalização online.

Relatórios recentes indicam aumento na circulação de propaganda jihadista nas redes sociais, com apelos para ações individuais em países europeus. Segundo o SITE Intelligence Group, após o ataque na Austrália, o EI intensificou mensagens conclamando simpatizantes a agir, com menções específicas a países como a Bélgica.

O chefe do serviço de inteligência interno britânico, Ken McCallum, afirmou em outubro que o MI5 e a polícia frustraram ao menos 19 planos avançados de atentados desde 2020, além de intervir em centenas de outras ameaças.

“O terrorismo se alimenta dos cantos mais degradados da internet, onde ideologias tóxicas encontram vidas pessoais instáveis”, afirmou McCallum, em declaração que sintetiza a principal preocupação das autoridades europeias diante de um cenário de violência política em mutação.

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