Aos 29 anos, a brasileira Luana Lopes Lara tornou-se destaque internacional depois que a Kalshi, empresa que ela cofundou nos Estados Unidos, atingiu avaliação de 11 bilhões de dólares em uma rodada de investimento de 1 bilhão de dólares. Com isso, ela se tornou a mais jovem bilionária do mundo a construir sua própria fortuna.
Fundada em 2018 por Luana e Tarek Mansour, também de 29 anos, a Kalshi opera como uma bolsa de valores, mas em vez de ações de empresas, os investidores compram e vendem contratos atrelados ao resultado de eventos futuros. Um bolsa de apostas no futuro com contratos tratando de diversos temas. Em árabe a palavra kalshi significa tudo. Cada contrato representa uma pergunta objetiva sobre eventos variados, como “a inflação dos EUA vai subir acima de X%?” ou “a taxa de desemprego ficará abaixo de Y?”.
Se o evento acontecer, o contrato paga 1 dólar; se não acontecer, vale zero. O preço desses contratos, que varia entre US$ 0,01 e 0,99 centavos de dólar, reflete as probabilidades implícitas atribuídas pelo mercado, fornecendo indicadores sobre esses assuntos. Um contrato precificado a 0,63 centavos de dólar indica que os investidores estão estimando 63% de chance de aquele evento ocorrer. A empresa é a única exchange de mercados de eventos aprovada pela Comissão de Negociação de Futuros dos EUA (CFTC), o que explica parte do interesse de grandes fundos.
Como surgiu a ideia da empresa
Luana nasceu no Brasil e estudou ciência da computação no MIT, onde conheceu o cofundador Tarek Mansour. Ambos trabalharam em instituições financeiras como Goldman Sachs, Bridgewater Associates e Citadel. Foi ali que perceberam que grande parte das decisões de trading era, no fundo, uma aposta sobre o que aconteceria no futuro, mas os produtos disponíveis eram complexos e caros, baseados em pacotes de derivativos que apenas aproximavam a exposição desejada.
A pergunta que guiou a criação da Kalshi veio dessa observação: por que ninguém podia negociar diretamente o evento?
Em 2018, os dois fundaram a empresa. Em 2019, entraram no Y Combinator, lançaram a versão beta, e em 2020 receberam a aprovação regulatória histórica como a primeira exchange oficial dos EUA focada em resultados de eventos.
Antes do Vale do Silício, Luana treinou na Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, onde enfrentava jornadas diárias que iam de aulas acadêmicas pela manhã ao balé competitivo até a noite. Segundo os perfis publicados nos últimos dias, ela convivia com episódios de disputa física entre colegas, como bailarinas que escondiam cacos de vidro nas sapatilhas umas das outras , e passava por testes de resistência em que professoras seguravam um cigarro aceso sob a coxa enquanto a aluna mantinha a perna erguida no ar.