O Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira, 10, que o Brasil vai passar a produzir a vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR), principal causador da bronquiolite, para garantir a oferta no Sistema Único de Saúde (SUS) por meio de uma parceria de transferência de tecnologia do imunizante. Com o acordo, entre o Instituto Butantan e a farmacêutica Pfizer, está prevista a entrega de 1,8 milhão de doses até o fim deste ano e o início da vacinação de gestantes a partir da segunda quinzena de novembro.
O VSR é um vírus que preocupa pais, principalmente nos primeiros meses de vida, pelo potencial de levar a internações. Ele é responsável por 80% dos casos de bronquiolite e 60% de pneumonias em crianças menores de 2 anos. De acordo com a pasta, cerca de 20 mil bebês menores de um ano são internados por ano por causa da infecção.
“O risco é ainda mais elevado entre os prematuros, cuja taxa de mortalidade é sete vezes maior do que a de crianças nascidas a termo — grupo que representa 12% dos nascimentos no país. Entre 2018 e 2024, foram registradas 83 mil internações de bebês prematuros por complicações associadas ao vírus, como bronquite, bronquiolite e pneumonia”, informou, em nota, o ministério.
Indicada para gestantes, a vacina recombinante contra os vírus sinciciais respiratórios A e B protege os bebês nos primeiros meses de vida e foi aprovada para uso no Brasil em abril de 2024. Em fevereiro deste ano, foi incorporada ao SUS. Em ensaios clínicos, apresentou 81,8% de eficácia até o terceiro mês de vida do bebê e 69,4% até o sexto mês.
“A nossa estimativa é de que, com a introdução da vacina no SUS, nós vamos evitar 28 mil internações relacionadas pela infecção pelo vírus sincicial respiratório (por ano). Ao vacinar a gestante, já está protegendo o recém-nascido desde o primeiro dia de nascimento”, explicou Padilha. O ministério informou que aproximadamente 2 milhões de bebês nascidos vivos serão beneficiados.
A assinatura do acordo de transferência de tecnologia foi feita pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante a posse do diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Leandro Safatle, e da nova diretoria da agência.
“É uma proteção dupla: protege a gestante e o recém-nascido. E, ao mesmo tempo, garante transferência de tecnologia, incorporação de inovação e geração de emprego, renda e conhecimento ativo no nosso país”, explicou Padilha.
A vacinação contra o VSR no SUS
O Ministério da Saúde explicou que, em novembro, terá início o envio de 832,5 mil doses do imunizante e, até dezembro, mais 1 milhão de doses serão distribuídas para a rede pública.
A meta é vacinar gestantes a partir da 28ª semana de gravidez para que ocorra a transferência de anticorpos para o bebê. A vacina é de dose única.