Após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fechar um acordo que reduz as taxas de importação sobre produtos chineses, o Brasil passou a enfrentar tarifas mais elevadas do que o principal rival econômico de Washington. A medida foi anunciada nesta quinta-feira, 30, alterando as alíquotas contra Pequim de 57% para 47%, enquanto os itens brasileiros seguem sob taxas de importação de até 50%, com várias exceções.
Embora os EUA tenham uma relação superavitária em relação ao Brasil, o governo Trump instituiu tarifas contra o país como uma tentativa de penalizar uma suposta “caça às bruxas” promovida contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado. A utilização política de sanções pela Casa Branca não é novidade, sendo aplicada contra outros países, como a Índia, que enfrenta taxas como resposta à compra de petróleo da Rússia.
Anteriormente, Trump ameaçou estabelecer uma tarifa de 100% sobre produtos de Pequim. No entanto, uma reunião entre o republicano e o presidente chinês Xi Jinping alterou o cenário, estendendo por aproximadamente um ano a delicada trégua comercial entre as principais economias globais. O encontro, que aconteceu durante a madrugada de quinta na Coreia do Sul, durou cerca de duas horas e estabeleceu parâmetros para a redução das taxas.
Entre as medidas, a China deverá comprar “enormes quantidades” de produtos agrícolas americanos — com destaque para a soja –, suspender por um ano as restrições a exportações de minérios de terras raras e colaborar no combate ao tráfico de fentanil. Em contrapartida, Washington suspenderá temporariamente a aplicação de tarifas contra embarcações pertencentes, construídas ou registradas por Pequim.
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Possível acerto
Buscando alterar a tensão econômica entre os países, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com Trump no último domingo, 26, durante agenda oficial na Malásia. O encontro durou 45 minutos e gerou expectativas de que haja uma redução das tarifas estabelecidas por Washington em um futuro próximo. “A gente não quer confusão, quer resultado”, disse Lula, na ocasião.
Embora nada tenha sido acordado, os presidentes deram início a negociações bilaterais, com o primeiro encontro sendo realizado na segunda-feira, 27, com representantes comerciais das duas nações. Representando o Brasil, estavam presentes o chanceler Mauro Vieira, o embaixador Audo Faleiro e o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Rosa. Ainda não há data marcada para uma segunda reunião.
