O Brasil fez um apelo urgente para que os países apresentem seus planos climáticos antes da COP30, que será realizada em Belém (PA) em novembro.
A poucos meses da conferência, apenas 28 nações entregaram suas propostas de corte de emissões à ONU.
Entre os ausentes estão alguns dos maiores emissores do mundo, como China e União Europeia.
O prazo final é 25 de setembro, durante a Assembleia-Geral da ONU em Nova York.
Até essa data, todos os países precisam submeter suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês), documento central para o relatório-síntese que medirá o quanto o planeta ainda está distante da meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C.
Na terça-feira (19), o diplomata André Corrêa do Lago, presidente da COP30, enviou carta às delegações ressaltando que as NDCs não são apenas metas técnicas, mas “a visão de nosso futuro compartilhado”.
Segundo ele, se os compromissos não forem ambiciosos, a conferência em Belém terá de buscar medidas adicionais.
Para garantir avanços, o Brasil intensificou sua diplomacia. O presidente Lula conversou com o líder chinês Xi Jinping na semana passada e recebeu garantias de que Pequim levará a sério a revisão de sua meta climática.
A presidência da COP também convocou reuniões extraordinárias em setembro e outubro para evitar o bloqueio que paralisou conferências anteriores.
A organização do evento, porém, enfrenta desafios logísticos. Belém dispõe de apenas 18 mil quartos de hotel para os 50 mil participantes esperados.
O governo federal alugou navios-cruzeiro e criou plataformas para o aluguel de residências locais, mas os preços elevados das diárias preocupam países pobres e organizações da sociedade civil, que denunciam risco de exclusão de representantes.
A escolha de Belém, no coração da Amazônia, tem forte carga simbólica. Pela primeira vez, uma conferência do clima da ONU ocorrerá na região mais estratégica para a estabilidade climática global. A floresta, vital para o equilíbrio ambiental, será colocada no centro das negociações e reforçará o protagonismo brasileiro.
O contexto internacional, contudo, é desfavorável. Os Estados Unidos, sob Donald Trump, abandonaram o Acordo de Paris, enquanto a guerra na Ucrânia fortaleceu interesses em combustíveis fósseis.
Ainda assim, o pacto firmado em 2015 permanece como a principal ferramenta para conter a emergência climática. Seu sucesso depende da força e da execução das NDCs que devem ser apresentadas agora.
O cenário reforça a urgência: o Ártico aquece quatro vezes mais rápido que a média global e perdeu mais da metade de sua cobertura de gelo no verão desde 1979. O impacto se espalha pelo planeta em forma de eventos extremos, ameaçando comunidades, economias e ecossistemas.
Nesse contexto, a COP30 em Belém será decisiva. O Brasil terá a missão de articular convergência entre países ricos e emergentes, de reafirmar a centralidade do Acordo de Paris e de colocar a Amazônia como peça-chave do esforço global de descarbonização.
O sucesso do encontro dependerá da capacidade de transformar promessas em compromissos concretos para garantir um futuro habitável.