Longe de estar erradicada, a tuberculose segue como um desafio para a saúde pública no Brasil. Em 2024, foram notificados aproximadamente 85 mil novos casos e 6 mil mortes, o que mantém a doença entre as infecções que mais causam óbitos no país.
Esse cenário contrasta com os compromissos internacionais assumidos na última década. Em 2014, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou a Estratégia Fim da Tuberculose, com a meta de eliminar a doença como problema de saúde pública até 2035. Para 2025, o plano previa a redução de 50% na incidência e de 75% na mortalidade. A realidade, porém, tem sido oposta. Desde 2015, os indicadores mostram aumento da infecção por aqui.
O estado do Rio de Janeiro concentra parte relevante desse avanço. No ano passado, registrou a segunda maior incidência do país, com 75,3 casos por 100 mil habitantes. Em números absolutos, foram cerca de 18 mil notificações — o maior volume entre os estados brasileiros.
Atrás das grades, um epicentro
Segundo especialistas, parte dessa escalada está relacionada ao sistema prisional. A associação entre encarceramento em massa e tuberculose foi analisada no estudo O encarceramento em massa como fator determinante da epidemia de tuberculose na América Latina e os efeitos projetados de políticas alternativas, publicado em 2024. O trabalho aponta que, na América Latina, a prevalência da doença entre pessoas privadas de liberdade é 26 vezes maior do que na população geral.
No Brasil, o impacto é particularmente expressivo. Estima-se que 37% das infecções estejam associadas ao ambiente prisional, ainda que muitas não sejam diagnosticadas dentro das unidades. Em contextos marcados por superlotação, ventilação inadequada e acesso limitado aos serviços de saúde, a exposição ao bacilo é frequente. Por outro lado, os sintomas geralmente surgem meses ou anos após a infecção, muitas vezes quando a pessoa já deixou o sistema penitenciário, o que contribui para a manutenção da cadeia de transmissão.
O que é a tuberculose e quais são os sintomas?
Causada pelo bacilo de Koch (Mycobacterium tuberculosis), a tuberculose afeta principalmente os pulmões, embora possa atingir outros órgãos. A tosse persistente é o sintoma mais característico. O tratamento deve ser feito sob orientação médica, com o uso adequado de antibióticos.
Principais sinais da doença:
1. Tosse persistente
É o principal sinal de alerta. Pode ser seca ou produtiva (com catarro, que em alguns casos apresenta sangue). Pessoas com tosse por três semanas ou mais devem ser investigadas para tuberculose.
2. Febre vespertina
A febre é um sintoma comum e, na tuberculose, costuma ocorrer no período da tarde ou início da noite, característica que auxilia na suspeita clínica.
3. Sudorese noturna
Mesmo sem febre evidente, muitos pacientes apresentam suor excessivo durante a noite.
4. Perda de peso
Alterações no apetite, fadiga e mal-estar associados à infecção podem levar à perda de peso sem causa aparente.