Com a missão de acelerar a implementação do Acordo de Paris, a presidência da COP30 lançou ferramenta inédita, com grande potencial de mobilizar governos, setor privado e sociedade civil. Trata-se de uma plataforma, batizada de Mutirão Global, que centraliza ações de impactos positivos para a preservação do meio ambiente e mitigação dos efeitos da mudança climática. De saída, a ferramenta identifica os autores dos planos de transformação. “Mas, além disso, monitora o andamento dos projetos, ajuda a dar transparência ao setor”, diz Maurício Bianco, vice-presidente da Conservação Internacional.
A ideia é estimular compromissos imediatos para reduzir emissões, proteger florestas e ampliar investimentos em adaptação climática, sem esperar apenas pelas metas de longo prazo. A ferramenta tem o potencial de criar uma verdadeira força-tarefa planetária, reunindo esforços para transformar promessas em resultados concretos antes de 2030. Um dos grandes desafios da COP30 é mudar de patamar e finalmente partir para ações práticas.
O Mutirão Zero está em sintonia com ações anteriores do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que se comprometeu a diminuir o desmatamento da Amazônia a zero até 2030. Até o ano passado, a devastação já havia caído a 46,7%, com o fortalecimento da fiscalização e o empoderamento de órgãos federais como o Ibama. Durante o governo Jair Bolsonaro (2019–2022), houve forte enfraquecimento da política climática: redução na fiscalização ambiental, aumento do desmatamento na Amazônia e ameaças retóricas de deixar o acordo. Houve também atrasos e controvérsias na atualização das metas brasileiras (NDCs), que foram criticadas por especialistas e pela comunidade internacional.
Com a mudança de governo em 2023, o Brasil voltou a adotar uma postura ativa e de liderança na agenda climática, ao adotar novas e ambiciosas NDCs e assumir a organização da COP30, em Belém, como símbolo de reposicionamento internacional.
“O Mutirão Global é um chamado a todos, não apenas para falar sobre mudança, mas para ser a mudança”, afirmou o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP 30. “Sabemos que milhões de pessoas ao redor do mundo já estão agindo para proteger suas comunidades, seus ecossistemas e seu futuro. O Mutirão Global oferece um espaço de convergência para que esses esforços sejam vistos, apoiados e ampliados.”