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Brasil faz pouco para evitar a morte de crianças afogadas

O Brasil convive, ano após ano, com um drama previsível: a morte de crianças e adolescentes por afogamento. Segundo o último levantamento do Ministério da Saúde, divulgado recentemente, entre 2010 e 2023 foram registradas 71.663 mortes por afogamento no país. Dessas, 12.662 (17,7%) envolveram adolescentes de 10 a 19 anos e 5.878 (8,2%) tiveram como vítimas crianças de 1 a 4 anos.

O Boletim Epidemiológico 2025 mostra que o afogamento é a segunda principal causa de morte entre crianças de 1 a 4 anos. Nesse grupo, a idade em si já representa um fator de risco: a falta de supervisão e de habilidades aquáticas aumenta o perigo. Entre adolescentes, comportamentos arriscados e o consumo de álcool ou drogas ampliam ainda mais a vulnerabilidade.

Os dados também revelam um recorte importante: meninos, especialmente entre 1 e 4 anos, apresentam as maiores taxas de mortalidade. Do total de óbitos, 67,6% eram do sexo masculino.

O local do afogamento também varia conforme o perfil da vítima. Entre crianças e adolescentes brancos, cerca de um terço das mortes ocorreu em piscinas. Já entre pardos, 42,1% aconteceram em águas naturais, enquanto entre negros esse índice chegou a 53,7%.

Medidas simples podem ser tomadas, como a supervisão constante por adultos, ensino de segurança aquática e instalação de barreiras físicas — cercas em piscinas, por exemplo.

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Apesar da gravidade, campanhas de prevenção específicas para os grupos mais vulneráveis praticamente não existem. Em um país onde a propaganda de bebidas alcoólicas e jogos é massiva, a ausência de mobilização contra afogamentos soa como um descaso.

Enquanto não houver ação coordenada e comunicação efetiva, o ciclo de mortes se repetirá a cada verão — e milhares de famílias continuarão a sofrer perdas evitáveis.

*Antonio José Gonçalves é presidente da Associação Paulista de Medicina (APM)

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