O governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), afirmou na tarde desta segunda-feira, 21, que vai permanecer no cargo até o fim de seu mandato, em 2026. A declaração coloca ainda mais fogo na disputa política local, um cabo de guerra que opõe o mandatário ao grupo do ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino. Na prática, a decisão de Brandão fecha as portas para os planos de seu vice, Felipe Camarão, escolhido pelo PT como pré-candidato na linha de sucessão.
O anúncio de Brandão, feito durante evento no Ginásio Castelinho, na capital maranhense São Luís, reforça e torna pública a decisão que o governador já havia tomado nos bastidores. Cotado para concorrer ao Senado, ele teria que deixar o comando do estado até abril se optasse por esse caminho, o que não deve acontecer.
“Estão dizendo aí que, quando assumirem, vão acabar com o programa Maranhão Livre da Fome. Eu quero garantir o seguinte: enquanto eu for governador — porque eu vou ser governador até o último dia do meu mandato — ninguém acaba com o programa. Ninguém acaba o programa até 2026”, declarou.
A postura é também um recado dos próximos passos do governador. Rompido com Camarão, Brandão deverá trabalhar pela sucessão de outro nome para sucedê-lo, isolando o vice politicamente. Por outro lado, o movimento deve incomodar o PT, que em maio oficializou a escolha de Camarão como o candidato do partido ao governo estadual em 2026.
A expectativa da sigla era que Brandão cumprisse o que o PT entende como “justiça” — ou seja, repetir a parceria de 2022 entre os partidos e deixar a cadeira mais cedo para que Felipe Camarão pudesse concorrer já no cargo. Em troca, o governador ganharia apoio na corrida pelo Senado. O acordo naufragou depois da aproximação do vice com o grupo de Flávio Dino, considerado um adversário por Brandão.
Antes companheiros de chapa, Dino e Brandão têm travado nos últimos meses uma intensa disputa em torno de uma indicação para o Tribunal de Contas do Maranhão. Enquanto o governador busca autonomia para escolher quem vai herdar o posto, aliados do ministro do Supremo tentam emplacar na Corte o deputado estadual Carlos Lula (PSB), em um cabo de guerra que já ganhou contornos judiciais.
