Os dois principais bancos brasileiros divergem em relação ao patamar da taxa básica de juros, a Selic, no fim de 2025. Relatório do Itaú indica que os juros terminam o ano em 15%, mas para o Bradesco, a taxa cai um pouquinho e termina 2025 em 14,50%. Na noite de quarta-feira, 30, o Comitê de Política Monetária (Copom) interrompeu o ciclo de alta e manteve a Selic em 15% ao ano.
O Bradesco informa em comunicado que a decisão da autarquia está em linha com o que se esperava. Mas o banco vai além: “Esperamos que ao final do ano o alívio da inflação e das projeções no modelo do Banco Central abram espaço para o início de um ciclo de redução da taxa de juros”, indica o relatório. “Projetamos que a Selic terminará o ano em 14,50%”. O comunicado da autoridade monetária que acompanhou a decisão de juros informou que para o primeiro trimestre de 2027, “atual horizonte relevante de política monetária”, está em 3,4%.
Posição diferente do Itaú
O Itaú tem uma posição diferente. “Esperamos que o Copom mantenha a taxa inalterada em 15% até o final do ano e inicie um ciclo de afrouxamento modesto” no primeiro trimestre do próximo ano. O banco adverte, porém, que convém esperar a ata da reunião para que o mercado possa entender sobre o racional do Copom. A ata será tornada pública na próxima semana.
É a mesma posição da SulAmérica Investimentos. De acordo com a economista-chefe da casa, Natalie Victal, como o Comitê entregou estabilidade, ‘é natural que o debate sobre espaço de cortes se fortaleça”. É verdade, e das próximas decisões do Copom dependem as variações e comportamentos não apenas da inflação, como do câmbio e da desaceleração da atividade econômica.
“Taxa Selic em 15% durante alguns meses, pelo menos”, indica Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank. De acordo com ele, o Copom manteve “a porta aberta para fazer alterações na taxa de juros caso o cenário faça com que isso seja necessário”. O banco também projeta Selic final em 15% ao ano no fim de 2025.
A porta aberta para alterações pode ser a mudança, ou recrudescimento do cenário externo. Embora o mercado tenha reagido bem ás exceções do tarifaço, o cenário ainda é incerto no médio prazo. E o próprio Copom indicou no comunicado de quarta-feira que “seguirá vigilante” e que “os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”.