Um número crescente de famílias busca escapar da Cidade de Gaza nesta segunda-feira, 1º, enquanto tanques e aeronaves das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) avançam sobre o maior aglomerado urbano do enclave palestino. Pelo menos 19 pessoas morreram em decorrência de ataques aéreos, segundo autoridades locais.
“Foi uma noite de horror. As explosões não pararam, e os drones sobrevoam a área interruptamente”, disse o palestino Mohammad Abu Abdallah, em entrevista à agência de notícias Reuters. “Muitas pessoas deixaram suas casas temendo por suas vidas, enquanto outras não têm ideia de para onde ir”, completou.
Com objetivo declarado de assumir o controle total da Faixa de Gaza, Israel iniciou sua ofensiva a partir da Cidade de Gaza. De acordo com moradores, as IDF enviaram veículos blindados antigos até o bairro de Sheikh Radwan e acionaram explosivos remotamente na região. A ação destruiu várias casas e fez com que mais famílias tivessem que fugir em busca de abrigo.
Em comunicado, o Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas, informou que 98 pessoas foram mortas por disparos israelenses nas últimas 24 horas. Tel Aviv afirma que suas forças enfrentam militantes do grupo terrorista em diferentes áreas do enclave, e orientou os civis a fugirem em direção ao sul, porque o objetivo é expandir as ações militares para o oeste do território.
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No último domingo 31, o grupo que é a principal referência mundial em estudos sobre genocídio publicou uma resolução afirmando que as ações de Israel correspondem a definição legal do crime, estabelecida pelas Nações Unidas, incluindo a instalação de um cenário de fome generalizada — que já vitimou 348 palestinos, entre eles 127 crianças.
Até o momento, Israel não se posicionou sobre a resolução, embora já tenha negado com veemência acusações anteriores de genocídio, afirmando que todas as ações militares em Gaza são em legítima defesa. Neste momento, Tel Aviv enfrenta uma acusação de crimes contra a humanidade no Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia.
Ainda no domingo, o gabinete de segurança do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, se reuniu para definir estratégias para a tomada da Cidade de Gaza. Embora autoridades das IDF tenham alertado que a ofensiva pode colocar em risco a vida dos reféns ainda em posse do Hamas, algo que vem despertando ondas de protestos em diversas cidades israelenses, o governo do premiê segue firme em sua decisão de prosseguir com a incursão militar.