Em um dos áudios apreendido pela Polícia Federal com diálogos entre Jair Bolsonaro e o pastor evangélico Silas Malafaia, o ex-presidente diz que “sem anistia, não tem negociação do tarifaço”. O religioso, que é um dos apoiadores mais fiéis de Bolsonaro, foi alvo nesta quarta-feira, 20, de uma operação da Polícia Federal. O ex-presidente e seu filho, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), foram indiciados pelos crimes de Crimes de coação no curso do processo, obstrução da investigação de infração penal que envolva organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
“Se não começar votando anistia, não tem negociação de tarifa. Não adianta um ou outro governador querer ir para os Estados Unidos, ir para a embaixada”, disse Bolsonaro em um dos áudios que foi juntado ao inquérito. Quando o tarifaço foi anunciado, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tentou diálogo com autoridades americanas. Uma comitiva de parlamentares também foi aos EUA tentar abrir diálogo, sem sucesso.
Em outro trecho desse mesmo áudio, o ex-presidente disse que “não podia se expor” naquele momento e que se ele “desse uma de machão não ia resolver nada”. “Eu tenho meus contatos, não falo com ninguém. (…) Resolveu a anistia, resolveu tudo”, disse Bolsonaro na gravação. O aparelho celular dele foi apreendido no dia em que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretou a prisão domiciliar dele.
O indiciamento de Bolsonaro e Eduardo pela Polícia Federal foi feito no inquérito em que eles são investigados por tentar obstruir o andamento do caso da tentativa de golpe de estado por meio de sanções a autoridades brasileiras. Foi com a intervenção do Zero Três e de outros bolsonaristas que vivem nos Estados Unidos que o governo de Donald Trump decidiu aplicar a Moraes a Lei Magnitsky.
