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Bolsonaristas deveriam se sentir traídos, mas não por causa do STF

Na cronologia dessa impressionante história que é a aventura bolsonarista no poder, pode-se dizer que a saga de Jair Bolsonaro começa no segundo turno das eleições presidenciais de 2014.

No vapor dos escândalos de corrupção descobertos pela Operação Lava-Jato nos governos de Lula e de Dilma Rousseff, Bolsonaro saiu das urnas do primeiro turno como o deputado federal mais votado do Rio de Janeiro. Com esse cartão de visitas, foi até a carreata de Aécio Neves, o então oponente do petismo naquelas eleições, oferecer seu apoio. Esnobado, decidiu lançar ali mesmo, com quatro anos de antecedência, sua candidatura ao Planalto em 2018.

Naquele dia, Bolsonaro soou profético. Disse que Aécio não representava o antipetismo e que só ele teria condições de derrotar o PT. Sem apoio partidário, ele anunciou que sairia do PP para buscar um partido nanico e viabilizar sua candidatura. O resto é história.

Bolsonaro passou quatro anos em campanha, mobilizou as redes sociais e o WhatsApp como poucos, e contou mais do que nunca com o sentimento antipetista para se eleger. Na campanha, com propostas pueris, Bolsonaro vendeu aos bolsonaristas uma promessa simples: no Planalto, faria um governo menos incompetente e corrupto que as gestões petistas.

O eleitorado, farto da roubalheira petista, embarcou na canoa de Bolsonaro, como se derrotar o PT a qualquer custo — colocando um aventureiro no topo da República — também não fosse uma ideia arriscada.

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A miragem da chamada “nova política” levou Bolsonaro ao Planalto. Ao subir a rampa, porém, o então presidente deixou o petismo de lado para usar a força da cadeira presidencial contra as instituições, tramando um golpe de Estado e ressuscitando o petismo como alternativa de poder.

Ao fazer um governo golpista, marcado por corrupção e por crises fabricadas — as milhares de mortes na pandemia por falta de vacina e políticas públicas, por exemplo –, Bolsonaro conseguiu o impensável: convencer o mesmo país que havia rejeitado a volta do petismo ao Planalto em 2018, de que seria melhor devolver Lula ao Planalto a perder mais quatro anos com a insanidade bolsonarista.

É nesse ponto que os bolsonaristas deveriam se sentir traídos por seu líder. De algoz do petismo, Bolsonaro tornou-se o principal cabo eleitoral de Lula em 2022. Não cumpriu o que prometeu. E não há como culpar o STF por isso.

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