Um leilão judicial envolvendo imóveis avaliados em mais de 20 milhões de reais deve encerrar uma das mais antigas e complexas falências do setor madeireiro de Santa Catarina. Os ativos a serem leiloados pertencem à Rauen Industrial Madeireira, empresa de Mafra que, por décadas, foi símbolo do desenvolvimento econômico e industrial do norte catarinense. A primeira etapa do leilão começa no dia 8 de agosto e acontece de forma totalmente digital, por meio da plataforma Positivo Leilões.
O principal objetivo da iniciativa é destinar os valores arrecadados para a quitação de um passivo que ultrapassa 37 milhões de reais, priorizando especialmente o pagamento de ex-funcionários, que aguardam há décadas pela regularização de seus direitos trabalhistas.
O leilão reúne quatro lotes, divididos entre dois imóveis urbanos e dois rurais. Entre eles, estão uma ampla área de mais de 207 mil m², com lance inicial de 15,6 milhões de reais, e um terreno urbano de 10 mil m², avaliado em 1,5 milhão de reais.
No segmento rural, está disponível uma propriedade de quase 25 hectares voltada à produção agrícola, situada nas proximidades do km 153 da Rodovia Governador Luiz Henrique da Silveira, região com forte presença agroindustrial. O lance inicial desse imóvel é de 2 milhões de reais. Completa o conjunto uma área de mais de 31 hectares destinada à preservação ambiental, avaliada em 972 mil reais.
Fundada por José Alfredo Rauen, a Rauen Industrial Madeireira foi referência no setor madeireiro do Norte Catarinense durante as décadas de 1970 e 1980. Atuando nos segmentos de serraria, laminados, compensados, beneficiamento de madeiras, fábrica de móveis, comércio de compra e venda de madeira e produção de bobinas para condutores elétricos e cabos telefônicos, a empresa impulsionou a urbanização do entorno de Mafra e chegou a empregar cerca de 600 pessoas, figurando como uma das maiores do município na época. Porém, dificuldades financeiras e disputas judiciais iniciadas em 1995 resultaram primeiro em um pedido de concordata preventiva (hoje chamada recuperação judicial) e culminaram na decretação da falência em 2005.