O mercado financeiro vive de sinais. Às vezes, a taxa de juros fica exatamente onde estava. Ainda assim, bolsas sobem, caem, o dólar se mexe e os juros futuros disparam. O motivo quase sempre está no tom do Banco Central. Quando o discurso é hawkish, o recado é claro: a luta contra a inflação vem antes de qualquer estímulo ao crescimento, mesmo que isso signifique manter juros altos por mais tempo.
Já um Banco Central dovish fala outra língua. Reconhece a desaceleração da economia, vê espaço para cortes graduais de juros e sinaliza maior preocupação com atividade, crédito e emprego. Para o mercado, isso costuma significar alívio financeiro, fôlego para empresas e um ambiente mais favorável aos investimentos.
No fim das contas, mais do que a decisão em si, o que move o mercado é a semântica. Uma palavra mais dura transforma o BC em falcão. Um parágrafo mais suave o faz virar pombo. E é nesse detalhe — quase invisível para o público em geral — que nascem as grandes reações do mercado.