Ao informar ao Coaf sobre movimentações suspeitas de Nelson Wilians, um banco disse que, “quando questionado” sobre a natureza das transações, que envolviam saques sequenciais e fracionados em espécie, o advogado “demonstrou irritabilidade” e relatou realizar transações diárias “para evitar bloqueio judicial”.
Como mostrou o Radar, um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras em poder da CPMI do INSS revela que uma rede de empresas controladas por Nelson Wilians e por sua mulher, Anne, seria utilizada para, na interpretação do órgão de controle, dissimular movimentações milionárias.
Além de apontar suspeita de “burla” em saques em espécie “sequenciais e fracionados”, o Coaf também diz que parte milionária da renda do casal, por meio dos escritórios de advocacia Brasil afora, vem de depósitos em caixas eletrônicos de áreas consideradas “de risco”, como “favelas do Rio de Janeiro, de zonas de fronteira e do Polígono da Maconha (PE)”.
O órgão de inteligência financeira também questiona, no relatório, o fato de que Anne Wilians, sócia de empresas que movimentaram 3 milhões de reais em espécie e 43 milhões de reais em transferências suspeitas nos últimos anos, constava como “do lar”, com renda mensal de 1.000 reais no período das transações, segundo um dos banco em que ela tem conta.
Esse banco reporta ao Coaf que o casal Wilians “se nega a fornecer documentação comprobatória” sobre a origem de sua renda. “Cliente e beneficiária possuem ocupação sensível à lavagem de dinheiro”, registra a instituição financeira.
O advogado Santiago Schunck, representante legal de Nelson Wilians, respondeu às suspeitas enviadas pelo Coaf à CPMI do INSS afirmando “de forma categórica que não procede qualquer alegação de lavagem de dinheiro” sobre seu cliente e sua rede de empresas, muitas das quais também têm como sócia sua mulher, Anne Wilians.
Como mostrou o Radar, relatórios do Coaf em poder da comissão parlamentar de inquérito apontam que uma rede de empresas controladas pelo casal seria utilizada para, na interpretação do órgão de controle, dissimular movimentações milionárias a partir de “depósitos em série e saques fracionados e sequenciais”.
“(A defesa) considera inadmissíveis os vazamentos seletivos de informações confidenciais que vêm sendo divulgados”, declarou Schunck em nota ao Radar.
Ouvido na CPMI como investigado por desviar recursos de aposentados, Wilians foi criticado pelo senador Jorge Seif. “Usa o seu prestígio com políticos, com poderes da advocacia, para lavar dinheiro dos nossos aposentados”. Wilians nega irregularidades em suas finanças.
Leia, abaixo, a íntegra da nota da defesa de Nelson Wilians:
Nota oficial de esclarecimento
“O advogado Dr. Santiago Schunck, representante legal de Nelson Wilians, afirma de forma categórica que não procede qualquer alegação de lavagem de dinheiro, e considera inadmissíveis os vazamentos seletivos de informações confidenciais que vêm sendo divulgados.
As empresas do Grupo Nelson Wilians, com mais de duas décadas de atuação reconhecida pela regularidade, transparência e relevância no mercado jurídico nacional, são auditadas e prestam serviços jurídicos full service nacional, além de atividades de recuperação de crédito, busca e apreensão de veículos e motos e consultoria jurídica a diversas instituições financeiras em todo o País — incluindo os maiores bancos brasileiros.
Essas atividades explicam integralmente as movimentações financeiras mencionadas em recentes publicações.
Ressalta-se que todas as contas e operações já foram submetidas a perícia independente, devidamente juntada aos autos no Supremo Tribunal Federal (STF), a qual comprova, de forma inequívoca, a origem lícita e a correta destinação dos recursos movimentados, afastando por completo qualquer suspeita de irregularidade legais.
As ilações infundadas que vêm sendo disseminadas apenas reforçam que o Dr. Nelson Wilians é alvo de uma campanha difamatória ímpar, cujos autores e participantes serão responsabilizados judicialmente, nas esferas cível e criminal.”