O Banco Central Europeu (BCE) manteve as taxas de juros em 2% pela terceira reunião consecutiva nesta quinta-feira, 30, e, pela primeira vez em muito tempo, a decisão não foi acompanhada de ansiedade.
A inflação da Zona do Euro está “próxima o suficiente” da meta de 2%, um feito raro entre as grandes economias. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve ainda enfrenta pressões salariais e de serviços; o Banco da Inglaterra, a corrosão da libra e um crescimento anêmico; e o Banco do Japão, uma recuperação inflacionária incerta. A Europa, em contraste, parece ter encontrado um ponto de repouso, ainda que precário. “A avaliação do Conselho do BCE sobre as perspectivas de inflação permanece, em linhas gerais, inalterada”, afirmou o comunicado da autoridade monetária.
Entre setembro de 2024 e junho de 2025, o BCE reduziu os juros em dois pontos percentuais, aliviando o aperto que havia levado a taxa de depósito ao pico de 4%. As reduções devolveram algum fôlego ao crédito e ajudaram a preservar a resiliência da demanda interna, sobretudo em economias como Alemanha e França, que vinham mostrando sinais de desaceleração industrial.
Agora, com o custo do dinheiro no nível mais baixo em quase três anos, o BCE tem pouco incentivo a agir novamente. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) projeta que a taxa deve permanecer em 2% até o final de 2026, início de 2027, uma pausa prolongada que seria impensável em tempos de volatilidade inflacionária.
Essa estabilidade repousa sobre um tripé: um mercado de trabalho forte, balanços corporativos sólidos e uma política fiscal menos expansionista. Christine Lagarde, presidente do BCE, evita declarar vitória. O banco central “não está se comprometendo previamente com uma trajetória específica de juros”, advertiu o comunicado. Parte da hesitação se deve à incerteza externa: as tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos, e as respostas em cadeia da China e de outros parceiro, ainda não foram totalmente absorvidas pela economia europeia.
