counter Autora de Cutelo e Corvo, Brynne Weaver fala do sucesso de romances sombrios: “É um processo de cura” – Forsething

Autora de Cutelo e Corvo, Brynne Weaver fala do sucesso de romances sombrios: “É um processo de cura”

Destaque na Bienal do Livro do Rio 2025 neste domingo, 23, quando participa da última mesa da editora Sextante, a autora canadense Brynne Weaver, de 46 anos, falou com VEJA sobre sua saga literária Morrendo de Amor (Arqueiro), que já vendeu mais de 32 000 cópias só no Brasil, do subgênero de romances sombrios que vem fazendo sucesso no BookTok e mais. No evento, a escritora também figurou no top 10 de livros mais vendidos da editora.

Antes de se tornar escritora de livros infantojuvenis, Brynne também trabalhou como garçonete, arqueóloga, executiva de contas de publicidade e pesquisadora em neurociência.

Confira a entrevista na íntegra:

A sua trilogia de livros de romance sombrio (dark romance) Morrendo de Amor, que começa com Cutelo e Corvo, se tornou um sucesso pincipalmente por causa do TikTok, com o fenômeno do BookTok, que tem aquecido o mercado literário, especialmente no Brasil. Como descreveria o o impacto que essa rede social teve na sua carreira? Eu chamaria de impacto enorme. Comecei publicando livros de forma independente, caso de Cutelo e Corvo, que também era autopublicado. E todo o marketing dos meus livros eu fazia no TikTok e no Instagram. Então, eu nem paguei por nenhuma publicidade adicional, como impulsionamento patrocinado. Era tudo só no TikTok. Acho que isso realmente ajudou a apresentar às pessoas o conceito do livro, que obviamente é um conceito um pouco incomum para um livro. 

Por que acha que esse tema incomum chamou a atenção de leitores? Acho que isso intrigou as pessoas, principalmente resenhistas de livros, que começaram a ler e postar sobre ele, e o livro simplesmente explodiu. Então, foi realmente por causa do TikTok, que foi o que impulsionou minha carreira, mesmo sendo o oitavo livro que publiquei. 

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O segundo livro da saga, o Couro e o Rouxinol (ed. Arqueiro/Sextante), estreou em primeiro lugar na lista de mais vendidos do The New York Times. Como foi atingir esse marco tão rápido? Foi um momento enorme. Acho que todo autor obviamente quer ou espera alcançar algo assim, talvez não exatamente o The New York Times, mas  sempre tem algo que deseja alcançar e eu realmente esperava chegar lá. Eu estava competindo com vários livros importantes que saíram no mesmo dia, como Erupção, coescrito por Michael Crichton (1942-2008) e James Patterson [baseado em um manuscrito inacabado de Crichton]. Acho que tinha um livro do Stephen King também. Então, foi realmente incrível poder vivenciar isso e ver que o romance também estava em primeiro lugar naquela semana, e ter um romance sombrio no topo da lista, foi muito significativo para mim. Foi muito emocionante e, em casa, meu marido comprou uma piñata para que eu pudesse quebrar algumas coisas. Foi superdivertido, uma ótima experiência. Sim, porque você nunca sabe se vai chegar ao primeiro lugar ou entrar na lista, e sim, é super emocionante.

Você veio para o Brasil para uma mesa na Bienal do Livro no Rio de Janeiro e em um evento em São Paulo para lançar seu terceiro livro da saga Morrendo de Amor, o Foice e Pardal. Por que os fãs brasileiros são importantes para você? Os brasileiros têm sido incríveis. Eles têm me apoiado muito e estão muito animados com a série, e falam sobre ela o tempo todo, eu vejo tantas postagens de leitores brasileiros. Então, parece que tem sido uma ótima opção para esses leitores. Eu sempre quis vir aqui na época em que eu tinha meu emprego diferente. Eu nem sempre fui escritor em tempo integral. Cheguei perto de vir ao Brasil a trabalho várias vezes, então estou muito animado por finalmente ter a chance de estar aqui. 

Por que acha que há tantos leitores interessados nesse subgênero de romance sombrio? Acho que é realmente por causa do BookTok que faz as pessoas falarem mais sobre ele e compartilhando que gostam. Acho que os leitores estão se atraindo porque é complexo. Acho que não dá para viver sem passar por algum tipo de experiência dramática, e algumas pessoas, infelizmente, têm que passar por muita coisa em suas vidas pessoais. E então, ler esse tipo de romance com temas mais sombrios é um processo de cura para muitas pessoas. Acho que eles veem muita profundidade nos personagens de romances sombrios e se veem neles. Muitos de nós, em algum momento da vida, nos perguntamos se vale a pena ser amados, se vale a pena estar apaixonados. E esses tipos de personagens mostram que sim. 

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Alguns dos seus personagens podem ser descritos como complexos, caso dos assassinos Sloane e Rowan. Durante o processo de escrita, teve receio de que pudesse haver um romantização de relacionamentos tóxicos? Sim, acho que isso surge com frequência. Mas acho que nos meus livros nenhum dos relacionamentos fica muito tóxico. Acho que definitivamente esse é um lado do romance sombrio que pode acontecer, de ter ter um romance saudável ou um realmente tóxico. Acredito que, fora do dark romance, essa pode ser a percepção, de que estamos romantizando relacionamentos realmente abusivos ou sombrios. Mas, acho que para as pessoas que leem esse gênero, não é o caso. Não acho que haja o risco entre essas pessoas de saírem e encontrarem um relacionamento abusivo ou um parceiro abusivo. Acho que funciona mais como uma reflexão para pessoas que já passaram por isso. E é um entretenimento como qualquer outro. 

Com o encerramento da trilogia, o que seus leitores podem esperar de Foice e Pardal? Podem esperar muito caos. A história de Rose foi muito divertida de escrever, é uma personagem que se aceita e é bem selvagem. Tem algumas partes de cortar o coração no final. Ouvi muitos leitores dizerem que choraram. A Rose e Fionn têm um final feliz, mas houve muitas lágrimas no final. Espero que as pessoas passem por toda essa montanha-russa de emoções e que também haja uma pequena surpresa bem no finalzinho. Há dois epílogos, então também há uma surpresa sobre o que vem a seguir.

Você já trabalhou como arqueóloga e pesquisadora de neurociência. Por que decidiu fazer essa transição de carreira para escritora? Quando comecei a escrever, era mais uma forma de processar emoções que eu não tinha tempo para processar de outra forma. Enquanto estava trabalhando com neurociência, eu precisava de algum tipo de válvula de escape para as emoções com as quais estava lidando, porque era muito estressante. Então, comecei a escrever no meu celular todas as manhãs, antes do meu dia começar. E acho que inicialmente não pensei: “Vou fazer disso uma carreira”. A primeira coisa que pensei foi: “Quero lançar algo para o mundo, publicar, ver como vai ser e autopublicar”, e depois continuei a partir daí.

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