Ativistas que estavam na Flotilha Global Summud, interceptada enquanto tentava levar ajuda humanitária a Gaza, enfrentam “maus-tratos e agressões” em prisões em Israel, informou o centro jurídico Adallah, que representa o grupo, neste domingo, 5. O relatório dos advogados afirmou que os participantes detidos estão sem acesso a medicações e à água limpa. Na véspera, a ativista sueca Greta Thunberg, ainda detida, disse a autoridades da Suécia que estava em uma cela com percevejos e que recebia pouca comida e água.
Nove membros da flotilha que foram deportados para a Suíça alegaram privação de sono e falta de água e comida. Alguns deles teriam sido espancados, chutados e trancados em uma gaiola. Ativistas espanhóis também denunciaram maus-tratos ao chegarem à Espanha no domingo. O ministro da Justiça de Israel, Yariv Levin, disse nesta segunda-feira, 6, que 170 ativistas foram deportados e mais 200 dos 309 que permanecem sob custódia israelense devem ser expulsos nas próximas 24 horas.
A ex-prefeita de Barcelona, Ada Calau, que estava na flotilha, disse que houve “maus-tratos, mas isso não é nada comparado ao que o povo palestino sofre todos os dias”. Também parte da iniciativa, os jornalistas espanhóis Carlos de Barron e Nestor Prieto relataram que as autoridades israelenses assinaram uma declaração em nome dos ativistas deportados que afirmava que eles entraram ilegalmente no país.
Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores de Israel definiu as acusações como “mentiras completas” e alegou que ativista espanhola mordeu uma funcionária médica na Prisão de Ketziot após um exame de rotina pré-deportação, causando ferimentos leves. Um porta-voz afirmou à agência de notícias Reuters no fim de semana que todos os detidos tiveram acesso a água, comida e banheiros. Ele também frisou que “não tiveram acesso negado a aconselhamento jurídico e todos os seus direitos legais foram totalmente respeitados”.
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Entenda o caso
Mais de 40 barcos com suprimentos e 500 tripulantes de 40 países, incluindo o ativista brasileiro Thiago Ávila, tentavam romper o bloqueio israelense quando foram interceptados na última quarta-feira, 1°. Em comunicado, a iniciativa internacional disse que a frota foi rendida “ilegalmente” e que “as câmeras estão desligadas e as embarcações foram abordadas por militares”. Nas redes sociais, multiplicam-se apelos pré-gravados de pessoas que estavam nos navios e de seus familiares para que sejam libertados.
As autoridades israelenses, em guerra contra o Hamas em Gaza há quase dois anos, descartaram essas tentativas de levar ajuda ao enclave costeiro como acrobacias publicitárias e jogadas de marketing. Mais de 65 mil palestinos foram mortos — entre eles, 440 por fome, incluindo 144 crianças — desde o início do conflito, em 7 de outubro de 2023.
Em junho, outra tentativa da flotilha também foi interceptada. A missão contava com a participação de 12 tripulantes, também com Thunberg e Ávila, que foram deportados por Israel. Enquanto estava detido, o brasileiro fez greve de fome e água.