Terça-feira, 9h15 – Vitória, Espírito Santo – 0 km percorridos
Depois de uma viagem de avião até a capital do Espírito Santo, estamos prestes a embarcar em uma maratona automotiva. A bordo do novo Omoda 5, SUV híbrido que a montadora chinesa (marca de luxo do grupo Chery) está trazendo agora ao Brasil, o desafio é sair de Vitória e chegar a São Paulo sem precisar abastecer. O tanque está cheio e um lacre foi colocado para garantir que a brincadeira é séria. As regras são simples. Em duplas, cada carro usará sua própria estratégia para minimizar o consumo. É possível desativar os sistemas de auxílio à condução, como frenagem de emergência, assistente de manutenção em faixa e aviso de tráfego cruzado, entre outros. Usar o ar-condicionado e ativar até funções estéticas do carro, como as luzes coloridas da cabine, podem impactar no resultado. O sistema de regeneração do carro também pode ser ajustado, fazendo com que ao tirar o pé do acelerador ele começa a frear de forma mais ou menos brusca para recuperar energia e ampliar a autonomia. Não será uma tarefa fácil. Com o percurso definido no GPS e todos os parâmetros calibrados para a viagem, saímos da concessionária e seguimos rumo a Cachoeiro do Itapemirim. O turismo ficará para outro dia. Na saída, vemos o Convento da Penha, um dos principais pontos de visitação da cidade, ao longe. A subida para o santuário fundado em 1558 é íngreme e prejudicaria o rendimento. Pé na estrada.
Terça-feira, 12h49 – Cachoeiro do Itapemirim, Espírito Santo – 130 km percorridos
Primeira parada para troca de motorista. Choveu durante todo o trajeto, o que aumenta o arrasto e, consequentemente, prejudica o desempenho. Mesmo assim, alcançamos médias de 18 km por litro de combustível. Nessas provas de autonomia é comum limitar muito o desempenho do carro para reduzir o consumo. Encontramos um equilíbrio entre uma direção mais “vida real” e alguns cuidados para não abusar do combustível. A estratégia é tentar manter uma velocidade constante, cerca de 90 km/h. Na maior parte das estradas estamos no limite. Em alguns trechos onde a velocidade é 100 km/h ou mais, ficamos na pista da direita, ultrapassando apenas os caminhões mais lentos. Evitamos ficar acelerando sem necessidade, porque cada pisada mais forte reduz a autonomia de forma significativa. Após uma pausa breve, voltamos ao carro. Sem tempo para turismo – não foi dessa vez que conhecemos a terra natal de Roberto Carlos – seguimos viagem. Nossa próxima parada será no Estado do Rio de Janeiro.

Terça-feira, 14h49 – Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro – 250 km percorridos
Já no Rio de Janeiro, uma pausa mais longa para almoçar. É o momento de trocar informações com os outros participantes da maratona. A pausa na chuva aliviou um pouco o sofrimento e foi possível alcançar médias melhores. Em alguns trechos, ultrapassamos 25 km/l. A versão híbrida é novidade no mercado. No início deste ano, testamos o Omoda E5, modelo totalmente elétrico que faz 430 km com carga completa. É também uma aposta da montadora chinesa no mercado brasileiro, em que muitos consumidores têm receio de depender da infraestrutura de carregamento, ainda insuficiente. Junto com o também híbrido Jaecoo 7, apresentado em fevereiro, o portfólio da montadora conta agora com quatro veículos. Alimentados e prontos para mais algumas horas ao volante, seguimos viagem.
Terça-feira, 18h21 – Casimiro de Abreu, Rio de Janeiro – 383 km percorridos
Mais uma breve parada para troca de motorista em um posto em Casimiro de Abreu. Há um grupo com o Omoda 5, enquanto outro segue no Omoda 7, SUV híbrido plug-in, maior em dimensões e em autonomia. Quem está no 7 não precisa se preocupar tanto se terá combustível para chegar. A autonomia chega a 1.400 km, de acordo com alguns testes feitos. O Omoda 5 fez a viagem de São Paulo a Vitória com tranquilidade, mas o percurso é de descida, o que ajuda o sistema híbrido convencional a recuperar energia e alcançar médias impressionantes – de até 40 km/l. Faltam cerca de 150 quilômetros para nosso destino final – uma bem-vinda parada no Rio para descansar antes de seguir rumo a São Paulo.
Terça-feira, 21h15 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro – 525 km percorridos
Foram quase 12 horas de percurso no primeiro dia da maratona até chegarmos a nosso destino: a cidade do Rio de Janeiro. Nos últimos 50 km alcançamos as melhores médias de toda a viagem, passando de 31 lm/l. Na longa travessia da Ponte Rio Niterói ficamos acompanhando os dados no painel de instrumentos com ansiedade – porque a autonomia projetada pelo computador de bordo aponta que não será possível completar o percurso sem retirar o lacre do tanque e abastecer. E o trecho é ainda mais íngreme, com a subida da Serra das Araras – curta, mas com aclive acentuado. Fomos dormir com essa preocupação em mente.
Quarta-feira, 8h30 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro – 525 km percorridos
Segundo e último dia da maratona. Hoje, a distância é menor. São cerca de 440 quilômetros até São Paulo. Antes de seguir viagem, uma pausa para fotos em um cenário paradisíaco. Como diz o clichê, o Rio de Janeiro continua lindo. O tempo melhorou muito e o Sol mostra que não deve ficar escondido atrás de nuvens. O problema é o calor. Antes das 9h e o termômetro já se aproxima dos 30 graus. Impossível seguir viagem sem o ar-condicionado do carro. Seguimos viagem rumo a Volta Redonda, onde faremos uma parada para troca de motorista após a temida Serra das Araras.

Quarta-feira, 11h41 – Volta Redonda, Rio de Janeiro – 627 km percorridos
Foram cerca de 100 quilômetros desde a saída do Rio de Janeiro, mas a subida cobrou seu preço na autonomia. Parte da Serra do Mar, a Serra das Araras é um dos trechos mais bonitos da viagem, com uma bela paisagem natural e muitas curvas. Mas o trajeto estava caótico. Interdições na via provocadas por uma obra que vai acabar com trechos mais perigosos e reduzir bastante as curvas sinuosas provocou trânsito pesado. O calor de quase 33 graus nos fez aumentar o ar condicionado, e o anda e para na subida reduziu bastante a autonomia. Nos melhores trechos, fizemos apenas 15 km/l – marca inferior ao que conseguimos, mas ainda assim interessante para um SUV de mais de 1,5 tonelada.
Quarta-feira, 13h09 – Queluz, São Paulo – 709 km percorridos
Cruzamos a fronteira entre os dois Estados com uma certeza: não conseguiremos chegar a São Paulo sem abastecer. O painel de instrumentos indicava cerca de 146 quilômetros de autonomia, insuficientes para completar a viagem. Conversamos se seria prudente abastecer já nessa parada, onde almoçamos. Decidimos seguir viagem e retirar o lacre do tanque no ponto de encontro seguinte, em Caçapava, a cerca de 100 quilômetros. Chegaríamos com boa folga. Outros participantes da maratona estavam decididos a chegar. Para isso, andavam com ar condicionado e com algumas das assistências desligadas, além de manter uma velocidade constante de cerca de 80 km/l. Conseguiram médias melhores – tanto que conseguiriam chegar com folga no destino final.
Quarta-feira, 15h25, Caçapava, São Paulo – 827 quilômetros percorridos
Não deu. Na última parada, precisamos abastecer. Faltavam pouco mais de 100 quilômetros até o ponto final da jornada, mas a autonomia estava na casa dos 40 quilômetros. Tivemos que retirar o lacre do tanque e colocar gasolina. Oficialmente fora da disputa, já que o desafio era justamente completar a maratona sem abastecer, o retorno foi dedicado a testar o carro em condições normais, seguindo a velocidade da via, sem a necessidade de desligar nenhuma função e sem precisar fazer contas a cada ultrapassagem. Hoje, o texto é dedicado apenas à maratona. Mais informações sobre as impressões ao dirigir serão divulgadas em breve, após o lançamento oficial do modelo.
Quarta-feira, 17h20 – São Paulo, São Paulo – 966 quilômetros percorridos
Chegamos. Foram mais de 17 horas de viagem, contando as paradas para comer e trocar de motorista. Precisamos abastecer, mas isso em nada desabona o carro. Pelo contrário. O conjunto híbrido prova que é possível rodar mais de 900 quilômetros sem a necessidade de abastecer. Além disso, a maratona foi feita especificamente para testar a autonomia do Omoda 5. Quem viaja a passeio dificilmente vai seguir a mesma rotina. Provavelmente pararia para curtir alguns pontos turísticos e não precisaria ficar regulando cada ultrapassagem ou acelerada. O público parece concordar. O estoque inicial oferecido na pré-venda esgotou em menos de uma semana. Os números exatos não foram divulgados pela fabricante, mas a Omoda-Jaecoo anunciou que o segundo lote aumentou em 200% e que deve manter o preço promocional da pré-venda, de R$ 170 mil, até o final de outubro. O Omoda 7, híbrido plug-in, custa R$ 260.