O futebol carioca vive um capítulo singular de ressocialização na decisão da Série B2. O atacante Yuri de Carvalho da Silva, atualmente no Goytacaz, prepara-se para a final do campeonato neste domingo, 7, contra o Macaé, carregando não apenas a expectativa do título, mas também uma tornozeleira eletrônica sob o meião.
Preso em 2018 durante a “Operação Verde Oliva” por envolvimento com o tráfico de drogas enquanto defendia o Campos Atlético, Yuri cumpriu sete anos de pena na Casa de Custódia Dalton Crespo de Castro. Em maio deste ano, obteve a progressão para o regime aberto, o que lhe permitiu retomar a carreira profissional aos 30 anos, embora permaneça monitorado pela Justiça do Rio de Janeiro.
No jogo de ida da decisão, realizado no último domingo, 30, e terminado em empate por 1 a 1, o atleta entrou em campo no segundo tempo utilizando o dispositivo de rastreamento. A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) esclareceu que não há impedimento legal ou regulamentar para a atuação do jogador nessas condições, reforçando o entendimento de que a reintegração social é uma função primordial do esporte.
A diretoria do Goytacaz, que defende a oportunidade dada ao atleta como uma ferramenta de reestruturação de vida, chegou a solicitar à Vara de Execução Penal a retirada do equipamento para a prática esportiva, mas o pedido ainda não foi deferido. Caso o Alvianil vença o confronto decisivo no Estádio Aryzão, em Campos dos Goytacazes, Yuri protagonizará a cena inédita de sagrar-se campeão sob monitoramento estatal.