Astrônomos observaram pela primeira vez o nascimento de um sistema planetário, semelhante ao sistema solar em que estão a Terra e o Sol. No centro do ‘recém-nascido’ está uma proto estrela chamada HOPS-315, que está a 1300 anos-luz de distância do nosso Sistema Solar. Os pesquisadores realizaram a descoberta com os telescópios James Webb e ALMA, no deserto do Atacama, no Chile.
As imagens foram publicadas em um artigo na revista Nature, nesta quarta, 16. Melissa McClure, professora da Universidade de Leiden, na Holanda, e autora principal do estudo, explica a novidade: “Pela primeira vez, identificamos o momento mais precoce em que a formação de planetas é iniciada ao redor de uma estrela que não o nosso Sol.”
O novo sistema está na nuvem molecular Orion B, a cerca de 420 parsecs (1 parsec = aproximadamente 3,26 anos-luz) e é uma oportunidade de analisar as condições físicas e químicas necessárias para a formação de planetas. As evidências coletadas pelo James Webb e o ALMA indicam que estruturas sólidas estão se condensando ao redor da proto estrela HOPS-315. Esse momento é considerado como um ‘marco zero’ da formação planetária. A coautora Merel van ‘t Hoff, professora na Universidade Purdue, nos EUA, afirma que “estamos vendo um sistema que se parece com o que o nosso Sistema Solar era quando estava apenas começando a se formar.”
Assim como ocorreu na Terra, e nos outros planetas do Sistema Solar em que vivemos, o recém-nascido também conta com minerais condensando no disco da proto estrela. A presença de monóxido de silício (SiO) evidencia que o processo de solidificação está no começo, mas não tira o brilho da descoberta. “Esse processo nunca foi observado antes em um disco protoplanetário — ou em qualquer outro lugar fora do nosso Sistema Solar”, diz o coautor Edwin Bergin, professor na Universidade de Michigan, nos EUA.
O telescópio espacial James Webb foi o primeiro a identificar os minerais e SiO na órbita da proto estrela, que depois foram analisados com mais precisão pelo ALMA. Os dados coletados colocam os traços químicos na mesma região do cinturão de meteoros do Sistema Solar. A similaridade, então, se torna um potencial para entendermos a formação cósmica da Terra e seus vizinhos.